A tribo se acabara, a família virara sombras, a maloca ruíra minada pelas saúvas e Macunaíma subira pro céu, porém ficara o aruaí do séquito daqueles tempos de dantes em que o herói fora o grande Macunaíma imperador. E só o papagaio no silêncio do Uraricoera preservava do esquecimento os casos e a fala desaparecida. Só o papagaio conservava no silêncio as frases e os feitos do herói. Tudo ele contou pro homem e depois abriu asa rumo de Lisboa. E o homem sou eu, minha gente, e eu fiquei pra vos contar a história. Por isso que vim aqui. Me acocorei em riba destas folhas, catei meus carrapatos, ponteei na violinha e em toque rasgado botei a boca no mundo cantando na fala impura as frases e os casos de Macunaíma, herói de nossa gente. Tem mais não. (Mário de Andrade: Macunaíma -o herói sem nenhum caráter. Edição crítica de Telê Porto Ancona Lopez. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; São Paulo: Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia, 1978, p. 148.) No texto, o narrador qualifica a sua linguagem como fala impura, ou seja, como linguagem mal tolerada pelos gramáticos do começo do século, pois mistura na língua escrita elementos de língua falada além dos regionalismos. Escreva um parágrafo em que você destaque três expressões que por motivos diferentes exemplificam a fala impura e explique por que essas expressões podem ser consideradas exemplos de fala impura. O critério de correção observará as questões de norma culta: ortografia, acentuação, concordância e pontuação
Respostas
Resposta: E o homem sou eu, minha gente, e eu fiquei pra vos contar a história. Por isso que vim aqui. Me acocorei em riba destas folhas, catei meus carrapatos, ponteei na violinha e em toque rasgado botei a boca no mundo cantando na fala impura as frases e os casos de Macunaíma, herói de nossa gente. Tem mais não.
Explicação: esse trecho usa a linguagem coloquial
Resposta:
Explicação: “Tudo ele contou pro homem e depois abriu asa rumo de Lisboa. E o homem sou eu, minha gente, e eu fiquei pra vos contar a história. Por isso que vim aqui.” ...
Pro, pra e que nesse parágrafo são traços marcantes utilizados na linguagem colonial, na qual “pro” é uma contração de para+o, “pra” é uma forma reduzida de para e “que” é expletivo. Se transformarmos essa mesma frase em “fala pura” ficaria mais ou menos assim:
“Tudo ele contou para o homem e depois abriu asa rua de Lisboa. E o homem sou eu, minha gente, e eu fiquei para vos contar a história. Por isso vim aqui. “...