Qual a relação entre a origem dos termos estrangeiros dos esportes citados e o seu uso cotidiano?
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O futebol virou uma ferramenta para o brasileiro organizar o seu próprio mundo. O torcedor torna o jogo de bola uma forma de expressão. Temos inúmeras palavras para bola de futebol, tal o valor do esporte em nossa vida cotidiana. O esporte - e a terminologia que ele produz - virou uma arena para as mazelas nacionais.
Quando foi introduzido no país por Charles Miller, em 1895, era praticado pelas elites sob o pretexto de ser uma prática ideal à criação de jovens sadios, sempre necessários aos inúmeros esforços de guerra que viriam nos anos seguintes. Sua popularização, ocorrida até o início da década de 30, mudou o cenário do futebol.
A linguagem usada no meio e entre torcedores é reflexo da passagem de um esporte de elite para uma prática popular. Não foram poucos os elitistas que tentaram batizá-lo de ludopédio, balípodo ou podosfera. Levaram goleada da população, que define o que gosta, como quer e pode.
A Origem dos Termos
O formato atual do esporte foi organizado na Inglaterra no século 19, e de lá vêm suas palavras fundamentais:
FUTEBOL: O termo talvez seja o anglicismo mais celebrado do Brasil. Veio do inglês football (de foot, pé + ball, bola), literalmente, "bola no pé". Nos Estados Unidos, o football association, nome oficial do esporte na Grã-Bretanha, reduziu-se a soccer por alteração de (as)soc(iation) + o sufixo er. Em italiano, o nome é calcio, coice, pontapé, de gioco del calcio, do latim calx, cálcis, calcanhar, pé, pata.

GOL: Do inglês goal, objetivo. Além de meta a ser transposta pela bola, é o ponto obtido pela transposição da linha entre as traves verticais e o travessão horizontal. Em Portugal, o ponto é "golo", e a meta, "baliza". "Gol" é capricho brasileiro. O idioma tende a transformar em oxítonas palavras terminadas em ol (espanhol, anzol).

GOLEIRO: De "gol" mais o sufixo -eiro, palavra que substitui no Brasil o goalkeeper do futebol inglês. É o único jogador de futebol que tem direito de segurar a bola com as mãos, desde de que na grande área de seu campo. Raramente chamado de guarda-metas. Em Portugal, guarda-redes.

TIME: Do inglês, team. Grupo de animais ou pessoas (certos jogadores), associadas em uma atividade. Também quadro ou equipe, do francês équipe. No futebol inglês, havia goalkeeper, backs, half-backs e cinco forwards, fora as subdivisões, como back direito, esquerdo; half direito e center-half. No Brasil, narradores falavam em "golquíper", "beques" e "alfos", em curiosa mistura linguística.
BOLA: Do latim bulla, bolha, bola. A de futebol deve ter circunferência de 68 a 71 centímetros e deve pesar de 396 a 453 gramas. Antigamente os locutores esportivos a chamavam de redonda, gorduchinha, menina, couro: "Mata o couro no peito e baixa na terra!". Agora, o espírito rococó ou condoreiro anda sumido, e eles estão mais contidos.

JUIZ: Do latim judex, judicis, juiz, o que julga. Em inglês, referee, juiz, árbitro (de futebol; o de direito é judge, magistrate). Há anos, narradores esportivos se referiam a ele como "sua senhoria" e "meretíssimo", querendo dizer meritíssimo, de mérito.

PÊNALTI: Do inglês penalty, penalidade, proveniente do latim poenalis, poenale, penal. Castigo máximo por falta feita na grande área e nome do chute dado da distância de 11 metros contra o goleiro, que deve defendê-lo sozinho e não pode sair da linha antes do tiro. Chamado também de penalidade máxima no Brasil e de grande penalidade em Portugal.
ZAGA: Do árabe zaqa, pelo espanhol zaga, retaguarda de um exército. Chegou ao português aplicada apenas ao futebol, referida à última linha defensiva de uma equipe. Daí, zagueiro: zaga + o sufixo -eiro.