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A chita é um tecido originário da Índia. Tornou-se um tecido popular em Portugal por meio do comércio ultramarino com o indianos ainda no século XV. Durante esse período, a chita foi importada por países europeus como Holanda e Inglaterra, recebendo nomes diferentes em cada um dos países. Em Portugal era conhecido como pintado, na Inglaterra era conhecido como chintz e na Holanda recebia o nome de sits.
A chita chega ao Brasil no século XVI trazida pelos colonizadores portugueses que implementaram os primeiros teares na colônia. Os jesuítas que para cá vieram com a tarefa de catequizar os indígenas utilizaram-se da técnica de tecelagem para produzir tecidos que cobrissem “as vergonhas” dos povos indígenas. A nudez dos índios era vista como imoral pela Igreja e a violência da catequese fazia parte do projeto colonial moderno.
Durante o período colonial (1500-1822) até as primeiras décadas da República, esse tecido simples de algodão e barato vestiu os escravos e a população mais pobre do Brasil, sendo encontrado com facilidade entre os moradores das zonas rurais.
Os anos de 1960 representaram a chegada dos militares ao poder, inaugurando um período de intensa e dura repressão no Brasil. Foi uma época de revoluções e surgimento de movimentos artísticos. A chita perpassa todos esses momentos sendo um dos elementos quem marcam a alma brasileira. Na mesma década, a estilista brasileira Zuzu Angel estampa seus vestidos com as cores e formas da chita, representando todo o tropicalismo brasileiro. Nas últimas décadas do século XXI, as estampas florais, como tendências, revisitaram as coleções de moda no Brasil. A chita foi tendência em desfiles de diversos estilistas como Marcelo Sommer, Gloria Coelho e Lino Villaventura. O tecido, que já foi usado para confeccionar cortinas e capas de almofadas, atualmente é considerado “fashion” e está presente na chamada cultura de massas.
international-dateline-collection-1972-acervo-instituto-zuzu-angel-3Ainda nos anos 60, a chita também aparece na arte de Hélio Oiticica (1937-1980). Em 1967, o Museu de Arte Moderna do Rio recebeu a instalação Tropicália, que consistia em um espaço na forma de um labirinto, que utilizava elementos da visualidade brasileira com plantas, areia e dois penetráveis feitos de madeira, lona e chita que permitiam que o público circulasse entre eles. A chita com estampas florais nas cores vermelho, amarelo, verde e branco representava a identidade cultural do Brasil e dava vida à obra Tropicália que tensionava o público a experimentação sensorial da obra rompendo com a experiência racional e propondo a experiência criativa viva, tridimensional e ambiental.
espero ter ajudado :)