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A Crise de 1929, ou Grande Depressão, foi o colapso do capitalismo e também do liberalismo econômico. Ficou conhecida como uma crise de superprodução. Marcou a decadência do liberalismo econômico, naquele momento, e teve como causas a superprodução e especulação financeira.
No sistema dos Estados Unidos, otimismo e confiança eram sentimentos inerentes ao público em geral na época que antecedeu a queda da bolsa nova-iorquina. Até fevereiro de 1928, aproximadamente, a alta do preço dos papéis seguiu assinalando o aumento dos lucros das empresas, a partir dessa dimensão temporal, ela foi sustentada pela onda especulativa. Em meados de 1928, a construção civil foi abalada por um colapso. Assim, em 4 de dezembro de 1928, o presidente norte-americano Calvin Coolidge emitiu uma mensagem no intuito de restabelecer a credibilidade.
As frágeis bases sobre as quais se assentava a era de prosperidade norte-americana são ainda mais fragilizadas pela corrida especulativa, que fez, de 1923 a 1926, as transações na Bolsa de Nova Iorque subirem de 236 para 451 milhões de títulos, enquanto o preço médio de 25 títulos representativos subiu 54%. A presença dos consórcios de investimentos, de grandes empresas e de bancos, atuantes no mercado de ações como financiadores, demonstrava a explosão de crédito que houve, no final da década de 1920, para ser direcionado a ganhos financeiros por meio da especulação.
O dia 24 de outubro de 1929 ficou marcado na história como a “Quinta-feira negra”, considerado o dia decisivo para a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Hobsbawm (1995, p. 91) considera que sem esse episódio "[...] com certeza não teria havido Hitler. Quase certamente não teria havido Roosevelt. É muito improvável que o sistema soviético tivesse sido encarado como um sério rival econômico e uma alternativa possível ao capitalismo mundial. Em suma, o mundo da segunda metade do século XX é incompreensível se não entendermos o impacto do colapso econômico."
Esse dia marcou a história econômica. Rompeu-se as condições artificiais do crescimento da economia norte-americana, pois se chegou ao ponto em que os compradores não mais levavam em conta o valor intrínseco dos títulos, procurando aumentar seu patrimônio pela simples posse de ações quaisquer. Isso, naturalmente, supervalorizava todos os papéis. Nessas condições, mesmo as ações das empresas mais sólidas se encontravam mega valorizadas, enquanto as empresas de segunda linha haviam atingido preços injustificáveis, muito além do seu valor patrimonial ou de sua capacidade de remunerar, por meio de dividendos, os capitais aplicados.
"pessoas que não são economistas geralmente vêem o crash da Bolsa de Valores de Nova York e a Grande Depressão como o mesmo evento. O declínio no preço das ações em outubro de 1929 e o tremendo declínio na produção real entre 1929 e 1933 são simplesmente vistos como parte do mesmo declínio cataclísmico da economia americana. Em contraste, muitos economistas acreditam que os dois eventos estão mais tangencialmente relacionados (ROMER, 1990, p. 597 [traduzido])."
O impacto da depressão posterior à crise de 1929 se estendeu por longos anos, de maneira que o PIB norte-americano apenas recuperou o valor referente ao período anterior ao colapso em 1937. Os eventos identificados como a Grande Depressão, dessa forma, foram muito mais traumáticos e graves do que o simbolismo da quebra da bolsa.
"Para aqueles que por definição, não tinham controle ou acesso aos meios de produção (a menos que pudessem voltar para uma família camponesa no interior), ou seja, os homens e mulheres contratados por salários, a consequência básica da Depressão foi o desemprego em escala inimaginável e sem precedentes, e por mais tempo do que qualquer um já experimentara. No pior período da Depressão (1932-3, 22% a 23% da força de trabalho britânica e belga, 24% da sueca, 27% da americana, 29% da austríaca, 31% da norueguesa, 32% da dinamarquesa e nada menos que 44 % da alemã não tinham emprego. E, o que é igualmente relevante, mesmo a recuperação após 1933 não reduziu o desemprego médio da década de 1930 abaixo de 16% a 17% na Grã-Bretanha e Suécia ou 20% no resto da Escandinávia. O único Estado ocidental que conseguiu eliminar o desemprego foi a Alemanha nazista entre 1933 e 1938. Não houvera nada semelhante a essa catástrofe econômica na vida dos trabalhadores até onde qualquer um pudesse lembrar (HOBSBAWM, 1995, p. 91)."
A repercussão da Grande Depressão afetou o mundo na década de 1930. Houve revoluções sociais, instauração de novas formas de governo e, também, criação de novas políticas econômicas.
A década de 1930 (Grande Depressão) pode ser pensada como mais um elemento desestabilizador no cenário de reorganização da economia mundial. Esse ínterim foi marcado pela permanência das incertezas herdadas da década anterior. A onda de falência dos bancos, nos Estados Unidos, o aumento do desemprego, a deflação e a crise da agricultura resultaram em um projeto global bem definido para enfrentar essa conjuntura: o New Deal. Outro fato que merece destaque, principalmente para os estudiosos da economia, foi a publicação da obra de Keynes, Teoria geral do emprego do juro e da moeda, em 1936.