Abordando as discussões teóricas entre especialistas no ensino de língua portuguesa, realizadas nos anos 1980, antes da elaboração dos PCN, Nonato aponta:
“O ponto nevrálgico dos movimentos de crítica e proposição de alternativas encontra-se no diagnóstico de que a prática de produção escrita na tradição escolar, por um lado, teria sido neutralizada pelo foco em atividades de análise gramatical e, por outro lado, havia-se tornado um exercício ou uma prática “artificial”, no sentido em que pouco contemplaria o processo de produção dos sentidos e as condições de produção do texto (ROJO, 2003); em outros termos, pouco reencontraria a ação do sujeito autor, seus repertórios culturais e suas experiências extraescolares (BUNZEN, 2006, p. 147; MARCUSCHI, 2010).
Prática definida muito mais como reprodução do que como produção textual, conforme a conhecida sugestão de João Wanderley Geraldi (GERALDI, 1984; 1986; 1991; 2008), o que se questiona é o grau de autenticidade dessas práticas com relação às situações de uso da linguagem em outras instâncias sociais nas quais o aluno é suscetível de se inserir.
Pelo menos três sintomas de artificialismo são tornados alvos da crítica e da proposição de alternativas elaboradas na instância do discurso acadêmico e mais ou menos incorporadas pelo discurso oficial: o artificialismo temático, o artificialismo das formas composicionais e o artificialismo das estratégias e dos recursos de formulação textual.” (NONATO, 2019, p.1292)
Fundamentando-se no excerto, analise as seguintes assertivas sobre a relação da sociedade com a leitura e a escrita quanto à veracidade – V para VERDADEIRO ou F para FALSO:
I. Tanto o discurso acadêmico quanto o discurso oficial (documentos que norteiam o ensino) enfatizam a prática de produção de textos de gêneros tipicamente escolares, como a redação e a dissertação.
II. O artificialismo nas atividades de produção textual é resultado de propostas dissociadas das suas práticas sociais.
III. Podemos resumir as críticas da seguinte maneira: ou utilizava-se o texto como pretexto para o ensino da gramática ou se propunha produções escritas fora de situações comunicativas concretas.
As assertivas I, II e III são, RESPECTIVAMENTE:
a.
V, V, V
b.
F, V, V
c.
V, F, F
d.
F, F, V
e.
V, V, F
Respostas
respondido por:
5
Resposta:
f v v
Explicação:
A afirmação I é falsa, pois apresenta como crítica exatamente o oposto do que se apregoa no excerto: a artificialidade das propostas de produção incide na recorrência de atividades descoladas do contexto de produção, resumindo a gêneros escolares como a redação ou a composição.
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