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Resposta:
Três mulheres fortes, de Marie Ndiaye, é um conjunto de novelas que se entrelaçam de maneira sutil e bem concatenada. O sentimento aflitivo que permeia cada uma das narrativas embala todo o livro, atingindo o leitor de uma maneira angustiante. A força que cada personagem tem recai sobre diversos pontos diferentes, desde a família, as escolhas e até mesmo a própria ignorância. A constatação de nunca atingirem sua potência, estando limitadas às mais variadas situações somente por serem mulheres, é muito bem baliza pela autora.
Resumo das personagens:
Norah é uma mulher batalhadora e que sofre com a figura paterna. O retorno à casa do pai, um homem antigamente rígido e hermético, revela uma criatura destruída pelo tempo e pelas escolhas malfadas. São nas ranhuras causadas pela infância, o distanciamento da mãe e da irmã que as memórias sublimadas voltam à superfície. Sua força reside em se sustentar como eixo principal que mantém os resquícios de uma família que ruma à bancarrota.
Rudy Descas, voz masculina que narra a segunda novela, é um personagem fraco e atormentado pela sua própria incapacidade, sempre à procura de desculpas para fazer frente a problemas que não consegue superar. A necessidade sufocante de manter sua mulher ao seu lado, bem como o ciúme velado que sente pelo filho, são catalisadores da ruína de seu casamento. É por meio de manobras egoístas que sua paranoia enclausura sua família em um ambiente insalubre, que aos poucos mina o bem estar familiar. Fanta demonstra sua força no peso de suas escolhas, sempre seguindo com a cabeça erguida, mesmo que às custas de seus sonhos.
Por fim, Khady Demba encontra dificuldades para superar a perda do marido e por não ?cumprir com seu papel feminino?. A família do esposo demonstra total apatia por uma mulher que se encontra sem voz, forçando-a a se degradar em sua condição humana. Toda a epopeia em busca de uma vida melhor culmina em sofrimento, mas, mesmo em sua ignorância e com o corpo vilipendiado pelos interesses alheios, se mantém espiritualmente intacta, digladiando-se com todas as foças para se agarrar à vida. É em um ambiente de bestialização do Ser que retira forças de si própria para se firmar como pessoa e não regredir à barbárie.