"O que os Jogos Olímpicos do Rio trouxeram de novo em relação às questões de gênero e às representações raciais?A cerimônia de abertura demonstrou a grande preocupação dos organizadores com uma presença equilibrada de artistas mulheres e homens e com a clara decisão de representar um país multirracial e multicultural. Se a abertura já indicava uma forte participação feminina no Rio, foi durante o desenrolar dos Jogos que as questões de gênero e de raça se tornaram mais presentes. O Brasil dos bairros pobres das favelas e das periferias cujas estatísticas de violência são comparáveis às de um país em guerra foi um incômodo intruso numa festa — a Olimpíada — para a qual não foi convidado. Se fossem distribuídas medalhas, no Rio, para os países líderes em homicídios, o Brasil estaria entre os favoritos. O Brasil está entre os países com as mais altas taxas de violência de gênero: 4,8 homicídios para cada 100 mil mulheres não garante o pódio, mas coloca o Brasil em 5º lugar no ranking de 83 países com dados reunidos pela Organização Mundial de Saúde. O país tem 48 vezes mais feminicídios do que o Reino Unido, 24 mais vezes que a Dinamarca e 16 vezes mais que o Japão. A raça e o gênero são indicativos que contribuem para essa violência. Como demonstrou Julio Waiselfisz nas diversas edições do Mapa da Violência, o homicídio juvenil concentra-se nos negros e não parou de crescer. A homofobia também mata. O Brasil ganharia a medalha de ouro em assassinatos de travestis e transexuais, com cerca de 500 mortes entre janeiro de 2008 e abril de 2013, muito à frente do México, que teve quatro vezes menos assassinatos homofóbicos. Os casos de violência são cotidianos e, tal qual os de mulheres e crianças, muitos deles são invisíveis simplesmente porque não são registrados. Entre o Brasil que apresentou as Olimpíadas e o Brasil do dia a dia, há ainda um grande abismo a ser superado. Terminaram os Jogos da Rio 2016. Agora resta o país real. "É possível afirmar que o texto associa o mau desempenho dos atletas do Brasil nos Jogos Olímp.
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Estabelece um contraponto entre a imagem do Brasil apresentada nas cerimônias da Olimpíada e as estatísticas da violência no país.
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