Leia o fragmento de texto a seguir que trata da violência e assédio sexual.
A violência masculina contra a mulher integra, assim, de forma íntima, a organização
social de gênero vigente na sociedade brasileira. Como se pode caracterizar atos violentos sem resvalar para a postura vitimista, sem conceber a mulher como passiva e, por via de consequência, incapaz de romper uma relação de violência? Fazendo-se uma leitura feminista dos direitos humanos, parece possível pensar, simultaneamente, a igualdade e a diferença. Efetivamente, tomando-se distância do androcentrismo (visão de mundo centrada no ponto de vista masculino), pode-se pensar os seres humanos como portadores de necessidades, interesses e aspirações diferentes, cuja satisfação pode mais facilmente ocorrer se as categorias de gênero mantiverem relações simétricas. Isto é, não só a diferença não precisa ser suprimida como pode ser cultivada, quando a igualdade constitui o pano de fundo, o elemento fundamental, a argamassa das relações de gênero. A fim de explicitar melhor o que acaba de ser dito, convém distinguir, de uma parte, a dominação dos homens sobre as mulheres e, de outra, a ideologia que lhe dá legitimidade. Muitos autores, dentre os quais cabe ressaltar Godelier2 , advogam a precedência das ideias sobre as práticas de dominação. Também incorrem neste erro os que atribuem à falocracia uma natureza puramente ideológica, procedimento típico de feministas vinculadas ao marxismo dogmático3 . Para a posição aqui assumida, não se trata meramente de um conjunto mais ou menos sistemático de ideias, mas também, e fundamentalmente, de estruturas de poder. Esta postura tem como premissa a precedência das práticas sobre as ideias. Em outros termos, trata-se da violência enquanto modalidade material de controle social e da repressão exercida através de formas "ideacionais" de socialização. Não se está, com isto, afirmando que a repressão, exercida ao nível das ideias, não contenha violência. Ao contrário, reconhece-se o caráter violento - no plano "ideacional" - do processo de domesticação das mulheres. É preciso pôr em relevo, todavia, certas modalidades de violência, como a física e a sexual, cuja eficácia é enorme exatamente em razão de sua onipresença, pelo menos enquanto possibilidade. Mathieu4 expressa magnificamente este pensamento: "a violência 'ideacional'; a das ideias que legitimam a dominação, não está presente permanentemente na consciência das mulheres(no espírito do dominante, sim). Para a dominada, é a violência aqui chamada de factual que é permanente" (destaques no original)5 . [...] Já que não se conhece nenhuma sociedade sem uma organização de gênero, estariam as mulheres destinadas, em qualquer circunstância, a sofrer violência/ameaça no processo de seu adestramento? Em tese, o gênero representa uma diferenciação. Neste sentido, pode ser até mesmo muito positivo. Todavia, é extremamente negativo quando a diferenciação entre homens e mulheres se transforma em hierarquias, seja na direção de inferiorizar a mulher, como acontece em todas as sociedades em maior ou menor grau, seja na direção oposta. O ideal seria uma organização de gênero que mantivesse no mesmo patamar, quanto às probabilidades de exercício do poder, homens e mulheres. Condição sine qua non para isto consiste em atribuir o mesmo valor ao feminino e ao masculino. Esta é uma utopia feminista que vale a pena perseguir, mesmo porque ela traria enormes benefícios não apenas para as mulheres, como também para os homens.
Leia outro fragmento a seguir que trata da diferença e igualdade de gênero.
[...] o histórico debate sobre a diferença e a igualdade e as mudanças ocorridas nas
relações de gênero sob o impacto do feminismo, da crise da masculinidade e demais
transformações econômicas, sociais e culturais em curso. Toma como referência os
estudos de gênero que buscam compreender os processos de produção de novas formas de subjetividade masculina e feminina, distanciadas dos tradicionais estereótipos de gênero. Conclui que tais mudanças apontam para a possibilidade concreta da construção de relações de gênero mais democráticas, ideal perseguido desde a modernidade, no casamento e na família, em que o direito à igualdade e o respeito à diferença são as pedras angulares.
Após a leitura desses dois textos, notamos que ambas as autoras falam de avançar na igualdade de poder entre homens e mulheres e citam a cultura como importante fator de influência. Apresente e comente a respeito de um exemplo do cotidiano que considera um avanço da participação feminina e outro exemplo que pode ser considerado como negativo no que diz respeito às relações entre homem e mulher.
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violência e assédio sexual.
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