• Matéria: Português
  • Autor: goncalvesgabrielly99
  • Perguntado 3 anos atrás

Texto Base 1
Quincas Borba, que não deixara de andar, parou alguns instantes.

— Queres ser meu discípulo?

— Quero.

— Bem, irás entendendo aos poucos a minha filosofia; no dia em que a houveres penetrado inteiramente, ah! nesse dia terás o maior prazer da vida, porque não há vinho que embriague como a verdade. Crê-me, o Humanitismo é o remate das coisas; e eu, que o formulei, sou o maior homem do mundo. Olha, vês como o meu bom Quincas Borba está olhando para mim? Não é ele, é Humanitas...

— Mas que Humanitas é esse?

— Humanitas é o princípio. Há nas coisas todas certa substância recôndita e idêntica, um princípio único, universal, eterno, comum, indivisível e indestrutível, — ou, para usar a linguagem do grande Camões:

Uma verdade que nas coisas anda, Que mora no visíbil e invisíbil.

Pois essa substância ou verdade, esse princípio indestrutível é que é Humanitas. Assim lhe chamo, porque resume o universo, e o universo é o homem. Vais entendendo?

— Pouco; mas, ainda assim, como é que a morte de sua avó...

— Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribosdividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.

Referência 1
ASSIS, Machado de. Quincas Borba. Disponível em: . Acesso em dez. 2016 (fragmento).

Enunciado
O Realismo surge em um contexto de proliferações de novas teorias científicas. Em Quincas Borba, Machado de Assis, por meio do protagonista, define o Humanitismo que, segundo o fragmento:

A) remete à ideia do Humanismo, de que o homem, a partir do conhecimento, é capaz de desenvolver suas potencialidades e faculdades, transformando, assim, a realidade social.

B) afirma, como a teoria do bom selvagem, de Rousseau, que o homem nasce bom e é corrompido pelo meio em que está inserido.

C) resgata os padrões estéticos desenvolvidos no Renascimento, de simetria e beleza, pautados a partir da proporção do homem.

D)se baseia na ideia de que apenas os mais fortes sobrevivem, e aqueles que são fracos e ingênuos são facilmente manipuláveis, assim sendo aniquilados, o que o aproxima da teoria determinista.

E)explica como se dão as relações humanas, pautadas pelo bom comportamento e relação interpessoal, assim configurando a sociedade ideal de Humanitas.

Respostas

respondido por: belfi56
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Resposta:

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