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Resposta:Com vitórias no século 20, combate ao racismo hoje tem os desafios de quebrar o entrelace histórico entre cor e classe e lutar contra o genocídio da população negra
Explicação:
na vida momentos em que tudo parece perdido, mesmo as regras de civilização. Certamente esse sentimento extremo levou o filósofo Walter Benjamin à morte na fronteira espanhola em setembro de 1940. Mais numerosos são os momentos em que sentimos medo de perder tudo o que arduamente construímos em nossas vidas. Talvez estejamos vivendo um momento assim, em que a desconfiança racial está crescendo junto com o anti-intelectualismo, em que a necessária reconstrução descolonial das humanidades resvala às vezes para a recusa generalizada de cânones. Nessas horas há que consolidar avanços.
Atingimos, no final do século 20, um patamar importante no antirracismo brasileiro ao ultrapassar a noção ingênua e romântica de que o racismo poderia desaparecer pela nossa negação da “raça” enquanto categoria de análise ou de identidade. O maior ganho do século passado foi termos demonstrado que o elogio à mestiçagem, que a largueza como definíamos as pessoas brancas, que a nossa preocupação excessiva com as classes sociais e que o ideal de democracia racial eram mais que ficções bem intencionadas: eram armadilhas do espírito que involucravam um racismo persistente e daninho.
Foi uma reviravolta interpretativa custosa, construída pelo diálogo entre acadêmicos e ativistas, brancos e negros, brasileiros e estrangeiros. Figuras do porte de Manuel Querino, Franklin Frazier, Roger Bastide, Florestan Fernandes, Virgínia Bicudo, Octávio Ianni, Correia Leite, Abdias do Nascimento, Guerreiro Ramos, Clóvis Moura, Beatriz Nascimento, Lélia Gonzalez, Neusa Santos Souza, Tereza Santos, Milton Santos, Luiza Bairros, Carlos Hasenbalg, Anani Dzidziyeno, para citar apenas alguns poucos dos falecidos, nos legaram uma compreensão muito mais aguda e verdadeira do racismo, que Kwame Ture e Robert Blauner chamaram de racismo institucional. Uma estrutura racista que permeia as nossas instituições e que permite que os resultados – a vitória e o fracasso, a riqueza e a pobreza, a segurança e a violência – recaiam diferentemente sobre os racializados.