Explique a chegada da dança de salão ao Brasil. através de espetáculos cada vez mais sofisticados tecnicamente
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A dança é uma das manifestações artísticas mais antigas da humanidade. Teve origem nos gestos e movimentos naturais do corpo humano para expressar emoções e sentimentos, a partir da necessidade de comunicação entre os homens.
Inicialmente, a dança integrava rituais dedicados aos deuses, objetivando pedir auxílio para a realização de boas caçadas e pescarias, para que as colheitas fossem abundantes, para que fizesse sol ou chovesse. A dança fazia parte, também, de manifestações de júbilo e congraçamento pela vitória sobre inimigos e por outros eventos felizes. Com o passar do tempo, cada povo desenvolveu suas próprias formas e estilos de dançar, caracterizando suas diferentes culturas, da mesma forma que a música, o vestuário, a alimentação, e etc., marcam o jeito de ser próprio de cada sociedade.
A dança social ou dança de salão é praticada por casais, em reuniões sociais e surgiu na Europa, na época do Renascimento. Pelo menos desde os séculos XV e XVI, tornou-se uma forma de lazer muito apreciada, tanto nos salões dos palácios da nobreza, como entre o povo em geral. É chamada de social por ser praticada por pessoas comuns, em festas de confraternização, propiciando o estreitamento de relações sociais de amizade, de romance, de parentesco e outras.
A dança de salão chegou ao Brasil trazida pelos colonizadores portugueses, ainda no século XVI, e mais tarde, pelos imigrantes de outros países da Europa que para cá vieram. Num país como o Brasil, com tão fortes e diferentes influências culturais, não tardaram a se mesclar contribuições dos povos indígenas e africanos, num processo de inovação e modificação de algumas das danças europeias importadas, bem como de surgimento de novas danças, bem brasileiras.
Em 1808, a corte portuguesa transferiu-se para cá e trouxe consigo muitos dos gostos e hábitos sociais europeus daquela época, inclusive as danças que estavam na moda e o costume dos bailes frequentes. Durante todo o século passado, qualquer evento era motivo para um baile: aniversários, noivados, casamentos, formaturas, datas cívicas, visitas de parentes e amigos. Professores de dança europeus, especialmente os franceses, eram contratados para manter os membros da nobreza brasileira em dia com as danças que estavam na moda nas mais importantes capitais europeias.
Até a década de 1960, os bailes eram um dos eventos sociais mais importantes e populares para os cariocas de todas as idades e camadas sociais. Nos bailes, as pessoas se divertiam, faziam negócios e novos amigos, muitos namoros começavam, enquanto outros casais faziam as pazes, depois de brigas e desentendimentos. Muitas vezes, até problemas de ordem política e econômica, que afetavam o país, eram discutidos em bailes diplomáticos e outros, aos quais compareciam dirigentes da nação. O aparecimento e o período áureo das discotecas - em que os casais passaram a dançar sem se tocar, de uma forma mais livre e solta e até sem necessidade de parceiro(a) - levaram a dança de salão a cair num semiesquecimento, pelo menos nas grandes cidades, por um período de vinte anos, mais ou menos.
A dança de salão não desapareceu, mas passou a ser vista como uma manifestação fora de moda, praticada por pessoas mais velhas e conservadoras ou por membros de camadas sociais menos favorecidas, no interior do país e nas periferias das grandes metrópoles. Desde meados dos anos '80, porém, a dança de pares enlaçados vem retornando com toda a força, retomando o lugar de destaque que sempre ocupou na vida social urbana.
A dança de salão é uma das mais tradicionais e fortes características culturais brasileiras. É uma expressão alegre e espontânea de seu povo, com seus ritmos e formas de dançar próprios, que despertam a atenção e a admiração dos turistas estrangeiros. Seu potencial cultural, educativo e turístico é enorme e, mais uma vez demonstrando sua vocação de metrópole formadora de opinião para o resto do país, o atual jeito carioca de dançar vem sendo rapidamente divulgado entre os outros estados brasileiros, o que não quer dizer que os outros estados não tenham, também, seus ritmos preferidos e suas formas próprias de dançar. A riqueza e a diversidade da dança de salão em território brasileiro é grande e é isto que a torna tão atraente para nós mesmos e para os estrangeiros: o brasileiro é um dançarino nato, extremamente criativo e musical.