• Matéria: Português
  • Autor: nayruart
  • Perguntado 3 anos atrás

Leia um trecho do artigo “Gramática e Ensino”

Há quem defenda um ensino sem gramática e voltado exclusivamente ao desenvolvimento das práticas de leitura, de escrita e de oralidade. Talvez tenham sido os linguistas Geraldo Mattos e Eurico Back os mais radicais defensores dessa tese entre nós (cf. MATTOS E BACK, 1974). Há também quem pratique um ensino centrado na gramática, embora não haja quem defenda abertamente essa centralidade, salvo, talvez, a mídia e o senso comum. Por último, os documentos oficiais mais recentes se referem sempre à gramática como um conhecimento complementar, auxiliar e articulado com a leitura e a produção de texto, embora não se estendam sobre como operacionalizar esse princípio geral. Apesar dessa diretriz dos documentos oficiais, a gramática permanece nas práticas escolares em posição de destaque, o que fica evidente seja pela partição, em muitas escolas, das aulas de português em aulas de gramática, de redação e de literatura, seja principalmente pelo conteúdo dos livros didáticos do ensino fundamental e médio, que reservam um lugar privilegiado para os conteúdos gramaticais arrolados pela NGB – Nomenclatura Gramatical Brasileira e detalhados pelas gramáticas escolares (cf., por exemplo, o estudo de BAGNO, 2010).
No início da década de 1990, Maria Helena de Moura Neves fez uma enquete entre 170 professores de português do Estado de São Paulo que revelou um forte apego ao ensino de gramática (cf. NEVES, 1990). Os professores justificavam tal ensino asseverando a crença, amplamente aceita no ambiente escolar e na sociedade (embora nunca efetivamente demonstrada – cf., entre outros, BRITTO, 1997: 176-180), de que o conhecimento da metalinguagem é pré-requisito para um bom desempenho linguístico. Paradoxalmente, os mesmos professores reconheciam a pouca eficácia e utilidade de tal ensino que, contudo, continuava a ser feito até como forma de legitimação do seu papel de professores de português, o que é compreensível, considerando que para o senso comum, ensinar português é ensinar gramática. Essa equivalência de senso comum veio mais uma vez à baila recentemente quando foi publicada a primeira versão da BNCC – Base Nacional Curricular Comum. De imediato, os críticos apontaram a pouca referência à gramática como um problema grave da proposta. Na ocasião, o próprio ministro da Educação se manifestou, dizendo que tal lacuna seria devidamente “corrigida” na versão seguinte (cf. Folha de S. Paulo, Educação, 11/10/2015 – “Mercadante defende mais gramática no currículo nacional de educação”). Tudo indica, pois, que pouco ou nada mudou passados 25 anos da enquete de Maria Helena de Moura Neves. A tradição que se estabeleceu e se consolidou na nossa história educacional continua forte.
FARACO, Carlos Alberto. Gramática e ensino. Diadorim, Rio de Janeiro, Revoista 19 volume 2, p. 11-26, 2017.
A partir dos dados expostos por Faraco, a manutenção da Gramática como objeto de ensino central nas aulas da disciplina Língua Portuguesa se deve à:

a. orientação dos currículos oficiais

b. formação dos professores

c. estrutura dos livros didáticos

d. Base Nacional Curricular Comum

e. cultura escolar


saturnosensei: letra e - cultura escolar

Respostas

respondido por: thaysereboledo
2

Resposta:

Cultura Escolar

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