A sociedade disciplinar de Foucault, feita de hospitais, asilos, presídios, quartéis e fábricas, não é mais a sociedade de hoje. Em seu lugar, há muito tempo, entrou uma outra sociedade, a saber, uma sociedade de academias de fitness, prédios de escritórios, bancos, aeroportos, shopping centers e laboratórios de genética. A sociedade do século XXI não é mais a sociedade disciplinar, mas uma sociedade de desempenho. Também seus habitantes não se chamam mais “sujeitos da obediência”, mas sujeitos de desempenho e produção. São empresários de si mesmos. Nesse sentido, aqueles muros das instituições disciplinares, que delimitam os espaços entre o normal e o anormal, se tornaram arcaicos. A analítica do poder de Foucault não pode descrever as modificações psíquicas e topológicas que se realizaram com a mudança da sociedade disciplinar para a sociedade do desempenho. Também aquele conceito da “sociedade de controle” não dá mais conta de explicar aquela mudança. Ele contém sempre ainda muita negatividade.
HAN, Byung-Chul. Sociedad del cansancio. Barcelona: Herder, 2012. (1ª ed. em alemão – 2010)
Texto 2
O capitalismo cognitivo promete a cada um escapar à condição comum tornando-o um “feliz privilegiado” que pôde oferecer a si mesmo algo melhor, mais raro, distinto, único. Essa é uma das características do capitalismo imaterial, que assume feições muito distintas do fordismo. Isso também foi percebido por Adam Curtis, em documentário The Century of The Self, produzido há vinte anos, que destacava a manipulação do consumidor por técnicas de marketing e produção de subjetividade. Não é sem razão que a indústria da publicidade encontra-se acoplada com a economia das aplicações de Internet. A retroalimentação entre produção de subjetividade, economicização da vida, coleta de dados (que permitem inferir estados emocionais) e manipulação do inconsciente para engajamento e consumo é enorme.
ZANATTA, Rafael. Metaverso: entre a possibilidade de uma existência estendida e a escravidão algorítmica. In: A experiência humana sob outros horizontes. Revista do Instituto Humanistas Unisinos. Nº 550 | Ano XXI | 8/11/2021
Analise as afirmativas tendo como base as relações conceituais entre o texto 1 e 2.
I. O termo “feliz e privilegiado” está associado ao paradigma da “positividade”, onde o consumo é o objetivo satisfatório do trabalhador e não a cidadania.
II. A positividade é uma ilusão, pois há uma mudança no discurso capitalista, mas na prática ainda existe um sistema de aprisionamento “negatividade” do trabalhador, que se torna explorado pelo seu próprio desejo de consumo, deixando de ser cidadão para se tornar cliente e usuário.
III. Os metaversos não estão desvinculados do paradigma da positividade, pois aparentemente, existe uma certa liberdade de escolha e tomada de decisões, contudo, o algoritmo explora a subjetividade, proporcionando um engajamento inconsciente para o consumo.
É correto o que se afirma em:
Alternativas
Alternativa 1:
I e II, apenas.
Alternativa 2:
I e III, apenas.
Alternativa 3:
I, II e III.
Alternativa 4:
II e III, apenas.
Alternativa 5:
III, apenas.
Respostas
A sequência correta se apresenta em: I, II e III. Alternativa 4. A ideia de metaverso constrói um novo mundo dentro das redes digitais onde a satisfação e os desejos de se comunicar e interagir com novas possibilidades é um dos pilares de sustentação desse movimento.
Devemos notar que até mesmo o conceito de Meta está associado ao capitalismo, sendo mais uma evolução do mesmo, o que nos interliga até mesmo a compra e venda de NFTs, como uma forma de dar aquele indivíduo algo exclusivo que ninguém mais no mundo possui.
Como o capitalismo acelera esse processo?
A partir da busca pela satisfação, onde o novo é o que fundamenta as possibilidades, variando conforme o tempo passa e principalmente a economia e as relações culturais.
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Resposta:
Todas as alternativas estão corretas
Explicação: