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Uma tarefa para todos os departamentos
A responsabilidade pela ação climática não deve ser atribuída a um ministério individual. O Gabinete do Primeiro Ministro ou o Tesouro (e escritórios equivalentes em todo o mundo) devem ser encarregados de coordenar a ação climática em todas as áreas do governo, exigindo que cada ministério demonstre progresso.
O Ministério dos Transportes do Reino Unido, por exemplo, atualmente poderia assumir que os aumentos nas emissões de transporte serão compensados por reduções em outras partes da economia. Com a configuração proposta, seria necessário mostrar como suas políticas contribuíriam para os cortes de emissões.
2. Trazer o público à tona
O segundo é envolver as pessoas na transição para as emissões net-zero. Minha pesquisa mostrou que os políticos tentaram impor políticas climáticas furtivamente, evitando discussões abertas e assumindo que os especialistas sabem mais. Isso é profundamente antidemocrático e é muito provável que não funcione.
A ação climática deve ser vista como uma negociação constante entre cidadão e Estado — um contrato social. Pesquisas mostram que as pessoas estão dispostas a fazer mudanças em suas próprias vidas se virem isso como parte de um esforço nacional mais amplo para reduzir as emissões.
Um maior uso de formas políticas participativas, como as Assembleias de Cidadãos, poderia ajudar a desenvolver estratégias climáticas que envolvam a população ao invés de ignorá-la. Também precisamos trabalhar em estreita colaboração com as comunidades que, de outra forma, estariam perdendo com a ação climática, como mineradoras de carvão e petroleiros, para lhes proporcionar uma "transição justa" do carbono. Isso significa suporte abrangente, não apenas uma vaga promessa na área de "empregos verdes".
3. Políticas simbólicas
Os governos devem implementar o que a especialista em opinião pública Deborah Mattinson chama de "políticas simbólicas". São políticas com impactos tangíveis que também elevam o perfil político da ação climática. Elas estimulam os cidadãos e enviam às empresas uma mensagem clara sobre o clima de que se espera investimento [nessa causa] no futuro, catalisando mudanças radicais, e não incrementais.
O direito de gerar e vender energia renovável em casa ou na comunidade pode ser uma dessas políticas. A proibição de anunciar carros a gasolina e diesel, que muitos países estão eliminando de qualquer maneira, seria outra. A garantia de "empregos verdes", como proposto pelo Green New Deal, dos EUA, também chamaria a atenção. Finalmente, com mensagens cuidadosas, as permissões pessoais e comerciais de carbono podem ser altamente eficazes na redução de emissões — e surpreendentemente populares.
4. "Mantenha-o no chão"
Uma estratégia para a emergência climática é assumir compromissos explícitos e tangíveis sobre a transição dos combustíveis fósseis. É claro que o compromisso global de limitar o aquecimento a 1,5 ℃ exige que deixemos intocadas as reservas de combustíveis fósseis mais conhecidas. O slogan ativista “mantenha-o no chão” é uma representação precisa das melhores evidências científicas.
Até agora, a maioria das estratégias climáticas ficou em silêncio nesse ponto. O Reino Unido e a Noruega se congratulam com metas zero-net, mas ambos planejam continuar a extração de petróleo e gás. Os governos devem impor uma moratória à exploração de combustíveis fósseis, acabar com os £ 300 bilhões em incentivos fiscais que concedem anualmente às indústrias de combustíveis fósseis, e usar o dinheiro de reposição para ajudar trabalhadores e indústrias na transição para uma revolução de energia limpa.
5. Separe a captura de carbono
Por fim, qualquer estratégia nacional deve separar a contribuição das tecnologias de emissões negativas de suas metas de net-zero. A teoria é que as emissões de carbono que não puderem ser evitadas serão contrabalançadas por essas tecnologias.
Mas, como mostram pesquisas minhas e de meus colegas da Universidade de Lancaster, contar com essas tecnologias — cuja viabilidade ainda não é conhecida — funciona como distração dos recursos [realmente efetivos] de redução da quantidade de carbono que emitimos. A criação de metas e financiamento distintos para a captura de carbono fundamentará o setor no que ele pode realisticamente esperar remover da atmosfera, e interromperá as promessas mais selvagens e infundadas, que limitam a ambição por ação climática.
Eu nunca argumentaria contra o estabelecimento de metas climáticas. Elas são necessárias —, mas estão longe de ser suficientes. Devemos nos proteger contra os políticos que se escondem atrás de promessas distantes e possivelmente vazias, e exigir políticas climáticas que impactem o tópido do carbono aqui e agora.