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Os efeitos ideológicos de um processo colonizador materializam-se em consonância com um processo de colonização linguística, que supõe a imposição de ideias linguísticas vigentes na metrópole e um ideário colonizador enlaçando língua e nação em um projeto único.
A colonização linguística é da ordem de um acontecimento, produz modificações em sistemas linguísticos que vinham se constituindo em separado e, ainda, provoca reorganizações no funcionamento linguístico das línguas bem como rupturas em processos semânticos estabilizados.
Colonização linguística resulta de um processo histórico de encontro entre pelo menos dois imaginários linguísticos constitutivos de povos cultura distintos − línguas com memórias, histórias e políticas de sentidos desiguais −, em condições de produção tais que uma dessas línguas − chamada de língua colonizadora − visa impor-se sobre a(s) outra(s), colonizada(s).
Os efeitos decorrentes desse processo de colonização linguística, porém, não são sempre os mesmos nem não são previsíveis; basta que se observem comparativamente as trajetórias das diferentes línguas indígenas, das línguas africanas e de línguas colonizadoras como o português, o inglês, o francês e o espanhol nas Américas.
Se, de um lado, há um encontro da língua de colonização com outras (europeias, indígenas ou africanas), de outro, há um lento ‘desencontro’ dessa língua colonizadora com ela mesma.
Assim, a colonização linguística também pode ser apreendida como um acontecimento linguístico bastante específico: um encontro linguístico no qual os sentidos construídos são singularizados em situações enunciativas singulares, situações histórica e paulatinamente engendradas que vão dando lugar ao surgimento de uma língua e de um sujeito singulares.