O espaco da narrativa entre os carneiros jurados
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Os carneiros jurados
Certo pastor, revoltado com as depredações do lobo, reuniu a carneirada e disse:
— Amigos! É chegado o momento de reagir. Sois uma legião e o lobo é um só. Se vos reunirdes e resistirdes de pé firme, quem perderá a partida será ele, e nós nos veremos para sempre libertos da sua cruel voracidade.
Os carneiros aplaudiram-no com entusiasmo e, erguendo a pata dianteira, juraram resistir.
— Muito bem! — exclamou o pastor. Resta agora combinarmos o meio prático de resistir. Proponho o seguinte: quando a fera aparecer, ninguém foge; ao contrário: firmam-se todos nos pés, retesam os músculos, armam a cabeça, investem contra ela, encurralam-na, imprensam-na; esmagam-na!
Uma salva de bés selou o pacto e o dia inteiro não se falou senão na tremenda réplica que dariam ao lobo.
Ao anoitecer, porém, quando a carneirada se recolhia ao curral, um berro ecoou de súbito:
— O lobo!...
Não foi preciso mais: sobreveio o pânico e os heróis jurados fugiram pelos campos a fora, tontos de pavor.
Fora rebate falso. Não era lobo; era apenas sombra de lobo!.