preciso de um texto narrativo em 1° pessoa sobre um assalto em um ônibus com pelo menos quatro a 20 linhas
Respostas
Resposta:
Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:
2 — Isto é um assalto!
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Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram. Alguém, correndo, foi chamar o guarda. Um minuto
depois, a rua inteira, atravancada, mas provida de um admirável serviço de comunicação espontânea, sabia
que se estava perpetrando um assalto ao banco. Mas que banco? Havia banco naquela rua? Evidente que
sim, pois do contrário como poderia ser assaltado?
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— Um assalto! Um assalto! — a senhora continuava a exclamar, e quem não tinha escutado, escutou,
multiplicando a notícia. Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirena
policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na
claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la. [...]
11 — Olha o assalto! Tem um assalto ali adiante!
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O ônibus na rua transversal parou para assuntar. Passageiros ergueram-se, puseram o nariz para fora.
Não se via nada. O motorista desceu, desceu o trocador, um passageiro advertiu:
14 — No que você vai a fim do assalto, eles assaltam sua caixa.
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Ele nem escutou. Então os passageiros também acharam de bom alvitre abandonar o veículo, na ânsia
de saber, que vem movendo o homem, desde a idade da pedra até a idade do módulo lunar.
17 Outros ônibus pararam, a rua entupiu.
18 — Melhor. Todas as ruas estão bloqueadas. Assim eles não podem dar no pé.
19 — É uma mulher que chefia o bando!
20 — Já sei. A tal dondoca loira.
21 — A loura assalta em São Paulo. Aqui é morena.
22 — Uma gorda. Está de metralhadora. Eu vi.
23 — Minha Nossa Senhora, o mundo está virado!
24 — Vai ver que está caçando é marido.
25 — Não brinca numa hora dessas. Olha aí sangue escorrendo!
26 — Sangue nada, é tomate.
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Na confusão, circularam notícias diversas. O assalto fora a uma joalheria, as vitrinas tinham sido
esmigalhadas a bala. E havia joias pelo chão, braceletes, relógios. O que os bandidos não levaram, na
pressa, era agora objeto de saque popular. Morreram no mínimo duas pessoas, e três estavam gravemente
feridas.
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Barracas derrubadas assinalavam o ímpeto da convulsão coletiva. Era preciso abrir caminho a todo
custo. No rumo do assalto, para ver, e no rumo contrário, para escapar. Os grupos divergentes chocavamse, e às vezes trocavam de direção; quem fugia dava marcha à ré, quem queria espiar era arrastado pela
massa oposta. Os edifícios de apartamentos tinham fechado suas portas, logo que o primeiro foi invadido
por pessoas que pretendiam, ao mesmo tempo, salvar o pelo e contemplar lá de cima. Janelas e balcões
apinhados de moradores, que gritavam:
37 — Pega! Pega! Correu pra lá!
38 — Olha ela ali!
39 — Eles entraram na Kombi ali adiante!
40 — É um mascarado! Não, são dois mascarados!
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Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, a pequena distância. Foi um deitar no chão geral,
e como não havia espaço uns caíam por cima de outros. Cessou o ruído. Voltou. Que assalto era esse,
dilatado no tempo, repetido, confuso?
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— Olha o diabo daquele escurinho tocando matraca! E a gente com dor de barriga, pensando que era
metralhadora!
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Caíram em cima do garoto, que soverteu na multidão. A senhora gorda apareceu, muito vermelha,
protestando sempre:
48 — É um assalto! Chuchu por aquele preço é um verdadeiro assalto!
Explicação: