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A cada quatro anos, milhares saíam de todos os cantos do mundo grego para visitar o santuário de Olímpia, espremido entre uma cadeia de montanhas íngremes e o violento mar Jônio, na cidade de Élis. Lá sobravam instalações esportivas e religiosas, mas havia apenas uma hospedaria. E só para convidados ilustres. Aos espectadores mortais restava dormir sob a copa das árvores e em tendas improvisadas. Mas programa não faltava: além de testemunhar as provas, o pessoal bebia, via os legendários templos de Zeus e de Hera e participava de sacrifícios. Estar em Olímpia, no fim das contas, já era prêmio suficiente para um grego. O lugar era como uma ponte entre a realidade e o mundo místico. Semideuses como Hércules, segundo a mitologia, teriam sido os primeiros a competir lá. Nada podia ser mais sagrado. Mas após cinco dias de provas, apenas, os jogos acabavam. Hora de voltar para casa, para mais três anos e 11 meses de vida real. Foi assim na Grécia. Por mais de mil anos.