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O que foi um dia postura alimentar de meia dúzia de hippies se transformou em um mercado mundial estimado em 51 bilhões de dólares. No Brasil, os orgânicos movimentam anualmente algo ao redor de 500 milhões de reais. Não é um volume de dinheiro espetacular, mas tende a aumentar – e muito – ante a taxa de crescimento de 30% ao ano, expansão que se vê nas gôndolas de supermercados e na proliferação de feiras livres. Mas, seriam os orgânicos de fato melhores para nossa saúde? Em relação a valor nutritivo, a questão é polêmica. Um estudo feito pela London School of Hygiene & Tropical Medicine, em 2009, chegou à conclusão, depois de analisar mais de 50 mil artigos científicos, de que as diferenças em termos de nutrientes são irrelevantes. A grande diferença, na verdade, entre orgânicos e não orgânicos está no risco oferecido por essas duas formas de cultura. Alimentos produzidos de maneira convencional na maioria das vezes contêm resíduos de pesticidas. Teoricamente, os níveis de consumo permitidos para esses resíduos não representariam ameaça para a saúde. “O que está estabelecido pela ciência é o risco para o trabalhador”, diz Fábio Gomes, analista de programas nutricionais para controle de câncer do Instituto Nacional de Câncer. Quanto a resíduos em alimentos, não há estudos científicos suficientes para provar uma relação direta entre casos de câncer e a ingestão de agrotóxicos. “Os adeptos da dieta orgânica, ancorados no princípio da precaução, e nas lacunas científicas, a defendem pela certeza de não fazer mal – embora não se tenha certeza de que faça muito bem. É certo, contudo, que os produtos orgânicos são invariavelmente mais quimicamente limpos. Os consumidores, por sua vez, temem que os orgânicos contenham vermes, bactérias e outros bichos. “Para ser certificado como orgânico, um produto tem de provar que é capaz de combater qualquer tipo de contaminação biológica”, diz Rogério Dias, coordenador de agroecologia do Ministério da Agricultura.