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A Bacia Amazônica ocupa mais da metade do Continente Sul-americano, e está distribuída entre vários países dos quais o território maior corresponde ao Brasil. A imensa região foi área de dispersão de culturas pré-históricas desde fins do Pleistoceno e as pesquisas arqueológicas demonstraram que já estava ocupada há 12.000 anos por grupos de caçadores coletores.
Apesar de já existirem, desde 1970, dados esparsos que levaram a se levantar hipóteses sobre a ocupação da Amazônia por bandos de caçadores arcaicos, foi somente a partir da década de 1990 que maiores evidências o demonstraram. Os achados, no Pará, da gruta do Gavião e da de Pequiá, em Carajás, descobertas em 1985 e estudadas por arqueólogos do Museu Paraense Emílio Goeldi, e da Caverna da Pedra Pintada, em Monte Alegre, também descoberta por pesquisadores do mesmo Museu e posteriormente escavada pela arqueóloga estadunidense Anna Roosevelt, demonstraram, sem dúvida, a existência de ocupações pré-históricas muito anteriores ao estabelecimento das culturas tradicionais amazônicas de horticultores de floresta tropical, baseadas principalmente no cultivo da mandioca e do milho. A essas evidências devem se agregar os achados no Abrigo do Sol no Sudeste do Mato Grosso ao Sul da Bacia Amazônica, onde as escavações realizadas na década de 1980 resultaram em achados de ocupações pré-cerâmicas com seqüências cronológicas compreendidas entre 10.000 e 70.000 anos a.C. Quando a primeira expedição espanhola, iniciada em 1541 e capitaneada por Francisco de Orellana, percorreu o rio desde o Peru até a desembocadura, o cronista da expedição, frei Gaspar de Carvajal, escreveu sobre a trágica viagem na sua “Relación del descubrimiento del famoso rio grande que desde su nacimiento hasta el mar descubrió el Capitan Orellana em unión de 56 hombres”. O épico relato foi publicado pela primeira vez somente no Século 19 como o “Descubrimento del Rio de las Amazonas” descrevendo a presença de grandes aldeias indígenas ao parecer sedentárias e auto-suficientes, comandadas por chefes ou “senhores” e protegidas por bravos guerreiros. Dessa e de outras expedições dos primórdios da conquista surgiu o mito da presença de mulheres guerreiras – as amazonas –, que deram nome ao grande rio-mar, como foi chamado. Entre os primeiros assentamentos humanos e a ocupação pelos espanhóis e portugueses, com a paulatina destruição ou modificação das populações autóctones, numerosos e diferentes grupos étnicos ocuparam a região.
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