Leia o texto.
“'A torneira seca
(mas pior: a falta
de sede)
A luz apagada
(mas pior: o gosto
do escuro)
A porta fechada
(mas pior: a chave
por dentro).'
Este poema de José Paulo Paes nos fala, de forma extremamente concentrada e precisa, do núcleo da liberdade e de sua ausência. O poeta lança um contraponto entre uma situação externa experimentada como um dado ou como um fato (a torneira seca, a luz apagada, a porta fechada) e a inércia resignada no interior do sujeito (a falta de sede, o gosto do escuro, a chave por dentro). O contraponto é feito pela expressão ‘mas pior’. Que significa ela? Que diante da adversidade, renunciamos a enfrentá-la, fazemo-nos cúmplices dela e é isso o pior. Pior é a renúncia à liberdade. Secura, escuridão e prisão deixam de estar fora de nós, para se tornarem nós mesmos, com nossa falta de sede, nosso gosto do escuro e nossa falta de vontade de girar a chave.”
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000. p. 459.
De acordo com o texto de Marilena Chaui, o poema:
(A)
defende a ideia de que devemos renunciar à liberdade.
(B)
expressa o descontentamento do poeta diante da vida.
(C)
mostra como o homem reage às dificuldades.
(D)
representa problemas cotidianos.
(E)
condena a renúncia à liberdade diante da adversidade.
Respostas
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6
De acordo com Chauí o poema representa a insatisfação do poeta com o hábito cotidiano de desistir da liberdade, desistir daquilo que o próprio sujeito necessita para viver de maneira digna, por causa de adversidades que surgem no meio do caminho, de modo que, tendo os meios para se livrar, prefere não fazê-lo por comodismo.
A alternativa A é a única que é patentemente falsa, mas as alternativas B, C e D não representam completamente o tema do poema, de modo que não são interpretações que captam as especificidades que são abordadas pelo poema.
É correta a alternativa E.
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