O conceito de "desvio" sempre esteve atrelado a formas de explicar qualquer comportamento que vai contra as normas dominantes em uma sociedade. Atualmente, é muito utilizado para análises de problemas sociais de ordem criminal. Por isso, é um conceito mobilizado por especialistas de diferentes áreas, como Antropologia, Sociologia, Criminologia, Psicologia, Psiquiatria, dentre outras, para explicar os motivos pelos quais as pessoas agem de forma desviante.
Gilberto Velho é um antropólogo pioneiro na Antropologia Urbana brasileira, e buscou compreender fenômenos relacionados à violência urbana e à problemática do desvio e da transgressão, além do impacto dessas ações no cotidiano das cidades e das pessoas.
Veja um exemplo de comportamento desviante:
Construa um esboço de análise possível do fenômeno apresentado, levando em consideração a perspectiva de Gilberto Velho, que propõe que as análises antropológicas devem interconectar diferentes campos do conhecimento e superar a dicotomia indivíduo e sociedade.
Respostas
Resposta:
Levando em consideração a relação indivíduo e sociedade e o comportamento desviante, primeiro se podem abordar os princípios que constituem o crime como crime e, consequentemente, quem o pratica como um desviante. Após, pode-se também relacionar como o acesso a determinadas esferas institucionais pode interferir no comportamento desviante. Por exemplo, ao analisar o perfil das principais vítimas de homicídio, que é o mesmo dos perpetradores: homens jovens, negros e com baixa escolaridade, pode-se explicar o fenômeno dos homicídios também como carências de acessos institucionais, como educação, saúde, família e necessidades básicas em geral, e como tais carências podem impactar as ações futuras, caso não sejam atendidas no decorrer da vida dos sujeitos. Com isso, pode-se relacionar a forma como as instituições sociais, ou a carência delas, pode impactar o comportamento desviante dos sujeitos, para além das motivações subjetivas. Também se pode explicar e enriquecer a análise do fenômeno dos homicídios a partir do modus operandi das facções criminosas. Organizações que apresentam uma estrutura informal de mercado e com ações perversas baseadas em estratégias de guerra e mortes. Questão que poderia ser relacionada, antropologicamente, também como forma de construção de vínculos e laços sociais, em que sentidos são dados às ações, mas baseados em um modelo perverso.
Explicação: