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“Se a compreensão não for acompanhada de um reconhecimento pleno do outro sujeito, então essa compreensão corre o risco de ser utilizada com vistas à exploração, ao ‘tomar’; o saber será subordinado ao poder.”
Olá leitores do Sobre Livros! Que tal conhecer um livro indicado pelos meus professores do curso de História? Quero apresentar para vocês a indicação do professor Carlos Veriano da disciplina Civilizações e Culturas na América I do 4º período do curso de História da PUC/Minas (em 2012). O livro foi indicado para embasar diversas discussões sobre as conquistas portuguesas e espanholas, e se você aprecia o tema essa é uma leitura indispensável.
Com uma narrativa literária e muito fluente, Tzvetan Todorov tem por objetivo – devidamente explicitado no epílogo – fazer com “que se recorde o que pode acontecer se não se conseguir descobrir o outro”, isto é, Todorov busca através da apresentação da história da colonização da América discutir a questão da Alteridade.
Tzvetan Todorov, filósofo e linguista, nasceu na Bulgária em 1939 e morreu em 2017, em Paris. Suas obras estão traduzidas em vinte e cinco idiomas.
“… compreender leva a tomar, e tomar a destruir… A compreensão não deveria vir junto com a simpatia? E ainda, o desejo de tomar, de enriquecer à custa do outro, não deveria predispor à conservação desse outro, fonte potencial de riqueza?”
O livro é dividido por capítulos em que o autor nomeia: Descobrir, Conquistar, Amar e Conhecer. E já em suas primeiras linhas percebe-se que essa titulação não é em vão. O autor usa o recurso das figuras de linguagem para expressar sua opinião. O exemplo mais claro é do terceiro capítulo Amar, onde o conteúdo do capítulo apresenta exatamente o oposto, o ódio dos espanhóis dirigido às civilizações pré-colombianas. Neste caso vemos presente três figuras de linguagem – Metáfora, Paradoxo e Elipse. É de se admirar a perspicácia do autor em envolver o leitor com esses estratagemas, fazendo com que a narrativa seja não meramente descritiva, mas também promova uma intervenção no modo do leitor de absorver o contexto.
A Conquista da América – A questão do outro traz em suas linhas sangrentas a chegada dos europeus em território americano no final do século XV. Analisa passo a passo desta investida, observando os relatos dos conquistadores e realizando suas pontuações.
Todorov usa diversas fontes para embasar seu texto: desde as cartas de Colombo, até Las Casas e Sahagún. Esse é um ponto em que critico, afinal, o autor deu voz apenas aos espanhóis, deixando a “versão” dos índios de fora… Mas também reconheço a dificuldade – para não dizer, impossibilidade – para se encontrar fontes desse tipo. A opção seria apenas a análise pictográfica – estudar os vestígios deixados pelos povos pré-colombianos. Os Maias, por exemplo, foram os únicos a desenvolverem a escrita, mas seus livros foram queimados pelos europeus… Daí percebe-se a dificuldade em apresentar todos os lados da história, correto?
Todo o decorrer da obra é marcado pelo sangue, ambição e “cegueira”… É realmente uma obra escrita por um europeu arrependido que tenta retratar os abusos cometidos por seus antepassados. Para quem quer compreender a Conquista da América essa é uma leitura obrigatória.
Leitura fluente e impactante, nos transporta para o período pré-colonial da América e nos faz imergir nesse universo dolorido do nosso passado. Todorov não poupa palavras para descrever as mazelas impostas aos colonizados.
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