O bafo e o álbum o dia a dia no Colégio Madureira tem sido de Recreio competitivos um novo álbum de figurinhas de time foi lançado e a garotada está correndo para completá-lo
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A febre instalada, comecei a ouvir relatos de crianças que se tornaram verdadeiros profissionais em negociação de figurinhas, não raramente sob a tutela dos pais. Estabelecem padrões de troca, porque não basta trocar uma “repetida” por uma “repetida”. Foi desenvolvida uma estratificação das figurinhas, algumas das quais são “raras”, outras pertencem à primeira página (as “00”), outras são dos grandes craques e, ainda, há as “brilhantes”. Em princípio, só se troca figurinhas do mesmo tipo, mas quando o colega está desesperado pela figurinha do Neymar ou só lhe falta aquela figurinha do goleiro japonês, então, é vale tudo - de uma única figurinha em troca de um bolo de 50 ou um tanto de pacotinhos fechados de figurinhas. Algumas crianças denominam essas trocas de “trocas injustas”, mas se rendem, porque precisam daquela figurinha.
As situações de desespero passam a surgir quando as crianças vão ficando mais perto de conseguirem completar as páginas dos times ou, eventualmente, o próprio álbum. Ouço relatos de crianças que arriscam tudo no “bafo” para conseguirem a figurinha que precisam e quando o revés predomina, elas perdem o controle, choram e pedem para ir para casa, não conseguindo lidar com a frustração. Ouvi relatos da incidência de “roubo de figurinhas” numa escola de elite paulistana. Para quem ainda pensa que só se rouba para comer, saiba que o desespero por figurinhas se equipara. Pior o relato acerca de uma menina que tem dois bolos de repetidas (o das repetidas e as duplas repetidas) que não troca com os amigos porque não quer. Ainda, ela esconde suas repetidas mais almejadas e não deixa seus colegas verem-nas por mais de 2 segundos. Eu nem sabia que o sadismo podia existir entre crianças.
Como na sociedade adulta, graças à Deus, há os “loucos”! Ouvi relato de um menino que chega no recreio e, com um chafariz, joga suas figurinhas repetidas pelos ares para quem quiser pegar, causando o maior alvoroço entre os colegas. Porque? “Porque sim, porque ele é super-bonzinho”, as crianças me relatam. “Uma outra menina deu a figurinha dela do Cristino Rolando sem nada em troca.” Porque? “Por nada, porque ele queria muito.” Outra florzinha ganha suas figurinhas, mais jamais cola no álbum. “Para que, então, comprar figurinhas?” Apenas para trocar com os amigos, para fazer parte da brincadeira, ela explica. Quando esses relatos são feitos, as pessoas riem e seus olhos brilham. Nervosas com suas próprias atitudes? Aliviadas, talvez? O que seria do mundo sem os loucos, os generosos e os poetas?
Enquanto isso, as negociações fervem pelos corredores e salas de aula e meios de transporte, alimentadas por – pasmem – os adultos.
Explicação passo a passo: