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Por Marco Lacerda*
De Madrid
Entre as artes, a fotografia configura-se pela capacidade de registrar um único instante e mostrar a emoção, muitas vezes não percebida pelos nossos olhos inquietos. Justamente por isso é que na segunda metade do século 19, ela inspirou artistas da vanguarda impressionista. Foi no estúdio do fotógrafo francês Félix Nadar que ocorreu a primeira exposição desses artistas revolucionários.
O Impressionismo é um movimento que leva a pintura ao estudo da luz plena, do ar livre e da autenticidade na reprodução do impacto do céu sobre a vida, daí a proximidade com a fotografia.
A exposição que abre nesta terça-feira (15), no Museu Thyssen-Bornemisza, de Madrid, mostra que a fotografia e a pintura mantiveram sempre uma estreita relação. Ela analisa como a fotografia serviu de estímulo a grandes pintores, como Manet, Degas e outros impressionistas, para desenvolver uma nova maneira de ver o mundo. A mostra fica em cartaz até 26 de janeiro de 2020.
Com curadoria de Paloma Alarcó, conservadora-chefe de pintura moderna do Thyssen- Bornemisza, a mostra encontra-se estruturada em oito capítulos temáticos: O bosque, A água, O campo, Monumentos, A cidade, O retrato, O nú e O movimento, que exploram os interesses dos pintores e dos fotógrafos da época impressionista.
O objetivo é proporcionar uma reflexão crítica sobre as influências da fotografia e da pintura, que se manifestam de forma recíproca, destacando também a polêmica surgida na segunda metade do século XIX entre críticos e artistas sobre este tema.
A fotografia não inspirou os impressionistas simplesmente como fonte iconográfica. Os pintores impressionistas encontraram também nela uma inspiração técnica sobre a manipulação da luz e a representação de um espaço assimétrico e interrompido, o que se pode apreciar na exploração da espontaneidade e da ambiguidade visual.
Muitos dos quadros expostos revelam como os pintores utilizavam figuras em plano cinematográfico, ou cenas incompletas que ajudam a transmitir uma sensação de que o quadro se estende para além dos limites da própria tela, sendo estes recursos muito utilizados na fotografia.
Por sua vez, os fotógrafos começaram a revelar alguma preocupação pela materialidade das suas imagens, e a procurar novas fórmulas para fotografar com um efeito mais pictórico, encontrando no impressionismo a sua fonte de inspiração.
*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor Especial do Dom Total.
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