Respostas
Apresentação
Este trabalho é um ensaio etnohistórico sobre a representação européia da territorialidade e da fronteira indígenas nos séculos XVIII e XIX. Orientada por uma preocupação com o diálogo entre a Antropologia e a História, procurei construir uma abordagem da territorialidade e da fronteira enquanto categorias culturais que refletem historicidades próprias, discutindo o fundamento conceitual da representação a partir da sua formulação na "história cultural". Esta fundamentação implica uma ressonância básica entre o objeto e a forma como é percebido, já que têm de ser entendidos, em primeiro lugar, a partir da representação que a sociedade faz de si mesma e do outro, ou seja, como define a territorialidade e como e com quem define as suas fronteiras.
Tendo definido este escopo básico, procurei analisar algumas situações que refletem a concepção setencentista da territorialidade e da fronteira indígenas, principalmente no oeste, área limítrofe das duas Américas. Em larga medida, esta concepção está ancorada na visão de "nação" expressa no discurso do estadista português, em que o lugar da diversidade pode ser definido a partir de fenômenos extremamente diversos e contraditórios entre si.
Num terceiro momento, procurei analisar a mudança da concepção da territorialidade e da fronteira indígenas a partir das situações de Independência, de formação dos Estados-nação e os reflexos dessa mudança no discurso oficial, centralizando a atenção, mais uma vez, na região oeste.