Substitua, na primeira estrofe, as palavras fingidor, finge e fingir por criador, criar e inventar, respectivamente. Essa troca altera os efeitos de sentido nos versos, como?
Respostas
Acredito que você esteja se referindo ao poema “Autopsicografia” do poeta Fernando Pessoa, em que a primeira estrofe é:
“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
Neste caso, a troca das palavras “fingidor”, “finge” e “fingir” por “criador”, “criar” e “inventar” acaba afetando sim o sentido dos versos.
Qual a diferença de sentido nos versos
Na primeira estrofe do poema “Autopsicografia”, Fernando Pessoa escolhe utilizar a palavra “fingir” como forma de representar a maneira como os poetas se agarram a dores nunca sentidas por eles para conseguirem produzir seus poemas.
Isso é tão forte e marcante que o poeta chega, em determinado momento, a não conseguir mais discernir a dor que sente de verdade em seu espírito daquela que acredita sentir para poder representar em seus versos. Como podemos observar nos dois últimos versos:
“Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
Quando substituímos as palavras originais por “criador”, “criar” e “inventar”, estamos dizendo que o poeta utiliza da imaginação criativa para escrever seus versos e criar suas dores sem, no entanto, vivenciar os sentimentos de fato. O que ocorre nos versos originais.
Em outras palavras, no estrofe modificado, o poeta não sente emoções, ele as cria de tal maneira que a dor que acredita sentir, não existe de fato. Como pode-se perceber nos dois últimos versos modificados:
“Que chega a criar que é dor
A dor que deveras sente.”
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