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Resposta:A cidade medieval apresentou características distintas nos diferentes momentos da Idade Média. Esse período iniciou-se, cronologicamente, em 476 e encerrou-se em 1453. Dentro desse espaço de tempo, a cidade na Europa Ocidental passou por um processo de esvaziamento, que caracterizou o início da Idade Média, e, após o século XI, viveu um renascimento.
Início da Idade Média
A cidade medieval surgiu da fragmentação do Império Romano do Ocidente. O Império Romano, que se encerrou em 476 d.C., passou por um longo processo de crise a partir do século II d.C. A crise econômica, aliada ao processo de invasão dos povos germânicos, causou uma migração da população das cidades para as zonas rurais.
A invasão dos povos germânicos aconteceu, principalmente, porque esses povos procuravam terras melhores e, também, porque eles fugiam dos povos hunos, que haviam migrado da Ásia e espalhavam terror pela Europa. À medida que as invasões aconteciam, os povos germânicos realizavam saques e traziam destruição para os centros de produção de alimentos do Império Romano. A invasão dos povos germânicos também resultou no enfraquecimento das rotas comerciais.
Além da destruição, muitas fazendas romanas foram abandonadas pelos camponeses temerosos com a chegada dos germânicos. Assim, a diminuição da produção e o enfraquecimento do comércio resultaram na falta de abastecimento das cidades. Nesse cenário, a fome espalhou-se e contribuiu para o surgimento de doenças epidêmicas.
Além da falta de alimento, as cidades eram um excelente alvo para os povos germânicos, que viam no saque das cidades romanas uma ótima maneira de obter riquezas rapidamente. A cidade de Roma, capital do Império Romano, por exemplo, foi saqueada em 410, 455 e 476 por diferentes povos germânicos.
A violência, a destruição, a fome e as doenças resultaram, além da diminuição da população na Europa Ocidental, em um processo de ruralização. A população pobre passou a se abrigar próximo das residências rurais da elite romana, que era dona das terras produtivas. Isso causou um grande processo de isolamento. Nesse período, que abrangeu o século V ao século X, quase não houve comércio.
Crescimento urbano
A partir do século XI, inovações técnicas permitiram um desenvolvimento agrário e houve um aumento populacional. Essas técnicas, como a melhoria no uso do arado e a implantação do revezamento do cultivo do solo, ampliaram a capacidade de produção. Além disso, ocorreu o aumento do solo utilizado para cultivo agrícola, a partir do século VIII, com o uso do arroteamento na derrubada de florestas.
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O aumento das terras cultivadas e da população resultou no surgimento de novas aldeias, e algumas das cidades existentes ganharam novos habitantes a partir de um processo de migração populacional. O historiador Hilário Franco Júnior dá os indícios em estatísticas do aumento populacional e urbano do período:
Enquanto por volta do ano 1000 talvez não existisse na Europa católica nenhuma cidade com uma população de 10.000 habitantes, no século XIII, havia 55 cidades com um número de habitantes superior àquele: duas na Inglaterra, seis na Península Ibérica, oito na Alemanha, 18 na França e Países Baixos, 21 na Itália|1|.
Além disso, Hilário Franco Júnior mostra várias cidades italianas que podem ter tido mais de 100.000 habitantes: Milão, Florença, Veneza e Gênova|2|. Já o historiador Jacques Le Goff diz que a cidade de Paris teve por volta de 200.000 habitantes e que muitas outras cidades apresentaram populações menores, mas ainda bastante expressivas para o século XIII|3|.
O crescimento das cidades ganhou impulso com a construção das muralhas, que permitiam o desenvolvimento delas e traziam um sentimento de segurança contra eventuais saques realizados por povos invasores, como aconteceu com os normandos e húngaros.
A partir do século XIV, a Europa passou por um novo processo de redução demográfica e esvaziamento das cidades em virtude da proliferação da peste negra. A doença era contraída das pulgas presentes nos ratos e foi trazida por navios vindos da Ásia. Na Europa, proliferou-se de maneira fulminante e, ao final do século XIV, pelo menos um terço da população havia morrido.
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