Respostas
Resposta:
Palavras-chave: Usuários de drogas; HIV/AIDS; Conhecimento, atitudes e práticas em saúde;
Comportamento sexual; Estudos transversais.
Introdução: O conhecimento adequado sobre as formas de transmissão do HIV não é suficiente
para a adoção de comportamentos de proteção, mas a falta dessas informações contribui para
aumentar a vulnerabilidade ao HIV/AIDS. Indivíduos com menor nível sócio-econômico e
comportamentos de risco, geralmente, apresentam níveis mais baixos de informação. Objetivo:
Descrever o conhecimento dos usuários de drogas acerca do HIV/AIDS, utilizando
metodologias distintas, de forma comparativa, e verificar a possível associação entre
conhecimento e testagem para HIV. Métodos: Os dados referem-se à linha-de-base de um
estudo seccional realizado em 2006/2007, com uma amostra não-probabilística de 295 usuários
de drogas ilícitas do Rio de Janeiro. Após análise exploratória, o conhecimento sobre a AIDS e
formas de transmissão do HIV foi avaliado a partir de respostas a uma série de afirmações,
classificadas como “corretas” vs. “incorretas”. As respostas de usuários que haviam sido ou não
testados para o HIV foram comparadas com teste ². Informações provenientes de 108
indivíduos, selecionados de forma aleatória, que receberam intervenção educativa com o uso de
cartões ilustrando situações potencialmente associadas à transmissão do HIV foram avaliadas
utilizando-se o Escalonamento Multidimensional (MDS). Verificou-se, ainda, a concordância
entre as respostas obtidas através do questionário e da intervenção com cartões. Resultados: A
maioria dos entrevistados era do sexo masculino (77%), com idade mediana de 29 anos e
metade deles teve renda inferior a um salário mínimo no último mês. As drogas mais
frequentemente consumidas foram: maconha, cocaína inalada, inalantes e ecstasy (91,5%,
67,5%, 61,0% e 15,9%, respectivamente). O uso do crack foi relatado por menos de 20% dos
entrevistados. Quase 40% dos usuários relataram nunca ter usado preservativos em relações
sexuais e mais de 60% afirmaram ter deixado de usá-los quando sob o efeito de drogas. A
maioria dos entrevistados (80,6%) respondeu corretamente que a camisinha torna o sexo seguro.
Quase metade da amostra (49,8%) considerava que estar em boa forma física era uma forma de
não se infectar com o HIV e 41,3% acreditavam que o HIV passaria pelos poros da camisinha.
Aproximadamente 44% dos usuários de drogas acreditavam que o HIV pode ser transmitido
pela saliva e 55% por escovas de dentes compartilhadas. Observou-se diferença significativa
(p<0,05) quanto a diversos itens referentes ao conhecimento da AIDS entre os usuários de
drogas que já haviam e não haviam sido testados para o HIV, apresentando os já testados um
melhor conhecimento. O MDS evidenciou que os itens referentes a sexo vaginal/anal e
compartilhamento de seringas/agulhas foram classificados em um mesmo conjunto, enquanto
formas efetivas de transmissão do vírus. O item mais distante deste subgrupo – ou seja, aquele
com referência ao qual o conhecimento foi mais errôneo – se referiu à doação de sangue. Os
demais itens mostraram-se dispersos, sugerindo incertezas quanto às formas de transmissão. A
concordância das respostas obtidas pelos dois métodos quanto à transmissão em banheiros
públicos, por doação de sangue, compartilhamento de escovas de dentes e picada de mosquito,
foi de, respectivamente, 58,3%, 62,9%, 69,4%, 87,0%. Discussão: Os achados falam a favor de
uma vulnerabilidade acrescida dos usuários de drogas à infecção pelo HIV, se comparados à
população geral, uma vez que este subgrupo populacional apresenta dúvidas relevantes acerca
das formas de transmissão do HIV, além de elevada frequência de comportamentos de risco.