• Matéria: Lógica
  • Autor: fabianagomespsi
  • Perguntado 3 anos atrás

analise do filme o diabo veste prada dentro das teorias da necessidade

Respostas

respondido por: dikinhaa7
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Resposta:

Esta história se desenrola em um ambiente insanamente tenso que leva aos seguintes

questionamentos: esta instituição foi criada por uma chefa extremamente exigente ou ela

mesma é um produto semelhante a qualquer outro fabricado em uma linha de produção? Qual

seria, então, o verdadeiro produto da Runway: a moda que deve ser usada ou um modelo

ideológico de funcionamento que produz uma massificação dos sujeitos?

Um dos produtos institucionais da Runway é uma visão natural que leva as pessoas a

pensarem que o controle sobre os sujeitos (e não sobre os processos produtivos) ajuda a

manter o lucro e o status quo. Este produto intangível vende uma garantia de sucesso

capitalista com as manobras necessárias para a manutenção do poder institucional, muito

atrativo a qualquer mercado.

Há outra opção? E as equipes coordenadas eticamente fazendo-se produzir em sua

potência? O interessante é que o discurso predominante no mundo organizacional é de se

procurar trabalhar em equipes e com auto-gestão. Muitos treinamentos e consultorias são

contratados para se implantar esta “nova” tendência. Mas, freqüentemente, as organizações

solicitam novas formas de intervenção ao proclamarem que tais treinamentos e consultorias

não surtiram efeito. Qual seria, então, o motivo para estes insucessos?

Na maioria das vezes o que se vê é um medo e uma fantasia de se perder o controle

sobre as pessoas nos modelos mais abertos de funcionamento (que não dispensa limites e

respeito), o que prejudica a implementação de verdadeiras mudanças. Além do mais, os

modelos institucionalmente testados e tidos como eficazes (do ponto de vista capitalista)

existem e estão brilhantemente ilustrados no filme “O diabo veste Prada”. Há, então, que se

fazer uma opção. É verdade que os modelos organizacionais verticalizados funcionam

eficazmente, mas é uma inverdade que modelos de funcionamento e organização mais

horizontalizados, ou que prestigiem os sujeitos em sua potência, e não necessariamente pela

hierarquia, trazem o perigo de desestabilidade e de menos lucro.

O que se vê então é mais discurso e menos prática, pelo menos como se pronuncia por

aí. Teria algo a mais a ser pensado? Há que se considerar que os modelos rígidos ou

narcísicos dão vazão a um gozo perverso que seduz e encanta os sujeitos imersos na

instituição, tais como ficaram Nigel e Emily, nutridos pela ilusão de um reconhecimento

maior de Miranda. Aliás, a ilusão é produto muito comum nas mais diversas instituições.

Na trama, os sujeitos agem mais como fantoches do que como seres humanos, até que

Andy depara-se com o quanto se identificou e personificou a insígnia maior da Runway: eu

sou o melhor em detrimento do outro, confundida com a própria organização.

O filme, com brilhantes atuações, remete a importantes reflexões acerca dos sujeitos

na roda viva contemporânea: a manutenção da produtividade, do status e do poder, e

principalmente, ao que é mais importante, existem saídas e que estas estão diretamente ligadas

às escolhas feitas frente às situações adversas evidenciadas e duramente impostas por

qualquer “Miranda”.

Esta é a grande mensagem que a personagem Andy deixa para todos: os sujeitos

podem pertencer a si mesmos e Miranda não é tudo! Há saídas e há outros modelos (a própria

Miranda reconheceu isto ao recomendar Andy para outro trabalho). Talvez Andy tenha feito o

que Miranda, de alguma forma, tenha desejado, mas foi sucumbida pelo detalhe sádico do

poder: o diabo vestiu salto alto e o inferno terá que aguardar a concorrência

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