Você, como futuro professor de História, está trabalhando com uma turma do Ensino Médio sobre os povos africanos e a escravidão no Brasil. Ao apresentar dados sobre o tráfico negreiro e as consequências da escravidão para a Africa e para os africanos, é surpreendido com a seguinte observação de um aluno:
"Mas, professora, eu li em um livro que Zumbi dos Palmares também tinha escravos e que na Africa havia escravidão, ou seja, os negros também se escravizavam, não podem ser fazer de vítima. "
A partir de seus conhecimentos sobre a história da escravidão no continente africano, responda:
a) De que forma pode ser estabelecida uma diferenciação entre as práticas escravistas antes e após o contato com os portugueses?
b) Como você se posicionaria diante da associação entre escravidão e vitimismo, colocada pelo aluno?
Respostas
Resposta:
Padrão de resposta esperado
a) É preciso que os alunos compreendam que existe uma diferença entre a escravidão praticada na África antes da mercantilização da lógica colonial e aquela que foi promovida pelas metrópoles europeias, que procuraram lucros com o tráfico transatlântico. Os alunos devem entender que não foram os portugueses, na Idade Moderna, que criaram a escravidão; ela existia desde a Antiguidade e era praticada pelas sociedades grega e romana. Os povos africanos também se utilizavam da escravidão, mas de uma "escravidão doméstica", voltada para atividades de subsistência, não com fins comerciais e mercantilistas.
A inserção dessas práticas culturais na lógica colonial transformou significativamente a escravidão africana.
b) As demandas históricas das populações negras são interpretadas como vitimismo por muitos setores da sociedade brasileira porque retornam ao escravismo colonial como uma das condições que confirmou a situação dos negros no Brasil contemporâneo. O professor deve demonstrar à turma a desigualdade presente na sociedade brasileira e afirmar que a luta por igualdade de condições não é vitimismo. Assim, o professor poderá, inclusive, explorar as políticas de ações afirmativas, demonstrando como a "discriminação positiva" pode ser utilizada para a compensação de desigualdades históricas no Brasil.
Explicação: