• Matéria: Ed. Física
  • Autor: thaynaferreira016
  • Perguntado 3 anos atrás

Quais seria os desafios das propostas
pedagógicas progressistas da educação física ?


eltonmoraes1022: marca como melhor resposta pfv ;-)

Respostas

respondido por: eltonmoraes1022
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Resposta:

Desafios das propostas pedagógicas progressistas da educação física

As propostas pedagógicas progressistas em EF deparam com desafios de várias ordens: desde questões relativas à sua implementação, ou seja, de como fazer com que sejam incorporadas pela prática pedagógica nas escolas, até questões mais teóricas que dizem respeito, por exemplo, às suas bases epistemológicas.

Um desses desafios é conquistar legitimidade no campo pedagógico. Os argumentos que legitimavam a EF na escola sob o prisma conservador (aptidão física e esportiva) não se sustentam numa perspectiva progressista de educação e educação física, mas, ao que tudo indica, hoje também não na perspectiva conservadora. Parece que a visão neotecnicista (economicista) de educação, que enfatiza a preparação do cidadão para o mercado de trabalho, dadas as mudanças tecnológicas do processo produtivo, pode prescindir hoje da EF e não lhe reserva nenhum papel relevante o suficiente para justificar o investimento público - a revitalização do discurso da promoção da saúde é uma tentativa de setores conservadores de legitimar a EF na escola, mas tem pouca probabilidade de encontrar eco, haja vista a crescente privatização, e individualização, da saúde promovida pelo Estado mínimo neoliberal. Além disso, o crescimento da oferta e do consumo dos serviços ligados às práticas corporais fora do âmbito da escola e do sistema tradicional do esporte - como as escolas de natação, academias, escolinhas de futebol, judô, voleibol etc. - permite o acesso à iniciação esportiva, às atividades físicas, sem depender da EF escolar.

Outro ponto que se coloca como um desafio é fazer uma leitura adequada da "política do corpo" (Foucault) ou então de como o "corpo" aparece na atual dinâmica cultural, no sentido mais amplo, com suas intersecções sociais, principalmente na sua função de afirmar, confirmar e reconstruir (porque constantemente contestada) a hegemonia de um projeto histórico, bem como situar o papel da instituição educacional nesse processo.

Mas centrando nossa atenção novamente sobre a dinâmica cultural e sobre como a corporeidade nela se apresenta, seria importante perguntar se está se gestando uma nova visão de corpo (um novo significado humano de corpo), uma visão de corpo que efetivamente supere a visão moderna apresentada aqui e que foi (é?) a base da EF moderna. Em que medida as práticas corporais da atual dinâmica cultural ainda são tributárias fiéis daquela visão moderna de corpo? (corpo-máquina, corpo-ter).

Se estamos num momento de transição na cultura ocidental - caminhando para uma cultura pós-moderna -, estamos num campo bastante complexo, indefinido, que não admite simplificações - e que por isso mesmo se coloca como desafio.

O desafio se amplia na medida em que essas mudanças ou permanências estão articuladas com as estruturas e os movimentos sócio-históricos mais amplos que são o alvo, em última instância, das pedagogias progressistas. Essas pedagogias se nutrem de um projeto alternativo de sociedade que precisa se afirmar diante do hoje hegemônico. Daí a importância de uma leitura adequada da realidade que possa se articular com um projeto alternativo realizável.

Outro desafio situa-se no plano mais especificamente epistemológico. É sabido que um movimento, muito influente no momento, questiona fortemente a pretensão de verdade da ciência (ou da razão científica), e com isso acaba atingindo o núcleo central da pedagogia crítica que é exatamente sua pretensão de superar, por meio de uma leitura crítica da realidade (do esclarecimento), a ideologia, superar uma visão superficial, distorcida ou falsa da realidade. Não será possível aqui aprofundar a questão. Mas talvez valha a pena reproduzir ainda um comentário de Tomaz T. da Silva (1993, p. 137), um dos mais importantes teóricos da tradição crítica na educação: "esses questionamentos colocam em questão a própria utilização do termo `crítico' ou pelo menos nos obriga a repensá-lo. Não creio [diz ele] que haja presentemente alguma resposta fácil a esse importante desafio".

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