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Em entrevista à jornalista Sônia Bridi, Yuval Harari, um dos mais importantes intelectuais da atualidade e autor de "Sapiens" e de "21 Lições para o Século 21", fez um alerta sobre guerra na Ucrânia: “Se o Putin vencer, veremos mais 'Putins' em muitos lugares do planeta. Veremos países imitando o russo, invadindo os vizinhos e tentando destruí-los. É do interesse de todos, no mundo inteiro, fazer o que puderem para parar essa guerra terrível. É a hora da verdade para a democracia, para a paz e para o futuro da humanidade”.
Harari é incisivo. Afirma que Putin já perdeu essa guerra.
“Quando digo que Putin perdeu a guerra, não quero dizer que está perdendo as frentes de batalha. Mas precisamos ver o que é o objetivo desta guerra, que é a existência da Ucrânia. A Ucrânia tem mais de mil anos de história como nação independente. Kiev já era uma metrópole quando Moscou não era nem uma vila, era só floresta”, diz.
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“Putin construiu uma mentira, essa fantasia de que a Ucrânia não é uma nação de verdade, que ucranianos são russos, que querem ser absorvidos pela Rússia, e que só não conseguem porque existe uma gangue de ‘judeus nazistas’ no poder”, completa o autor.
Para o historiador, os russos têm motivos para serem contra a guerra. Ele lembra que o país nem está entre os 10 mais ricos do mundo — com um Produto Interno Bruto (PIB) praticamente igual ao do Brasil.
“Se pergunte: 'como a Rússia tem essa máquina militar?' Putin pegou o dinheiro que deveria ir para hospitais, para pagar professores e para servir o cidadão, e usou para fazer tanques, mísseis, aviões. Enquanto no mundo, a média de gastos militares é de 6% do orçamento dos governos, e na Europa é só 3%, na Rússia pode chegar a 20%”, explica.
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Harari lembra que vivemos um longo período de paz relativa, em que os gastos militares deixaram de levar a maior fatia do orçamento dos países, que passaram a gastar mais em educação, saúde e previdência. Isso levou a conquistas de qualidade de vida no mundo inteiro.
“Se deixarem o Putin vencer, essa engrenagem militar para construir impérios vai voltar a ser a norma por toda parte. Há autocratas que admiram Putin, e estão observando o que vai acontecer. Se Putin perder, vão se distanciar dele. Mas se ele vencer, vão correr para aplaudi-lo, e para copiá-lo”, diz.