Desafio
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sancionada em 1996, cita que a modalidade a distância pode estar presente em qualquer nível de ensino – tanto na educação básica como no ensino superior. Conforme seu art. 80: "O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada".
Recentemente, uma proposta apresentada no Conselho Nacional de Educação (CNE) causou divergência e alvoroço entre membros do conselho e entidades do setor da educação, ao mencionar que a reformulação do ensino médio teria a pretensão de oferecer até 40% do curso na modalidade a distância. A sugestão teria sido apresentada pelo conselheiro Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti, relator da Comissão do Ensino Médio do CNE, responsável por elaborar a revisão das Diretrizes Curriculares e fazer as adaptações necessárias à nova legislação do ensino médio. O governo Temer teria se mostrado favorável a tal proposta.
Várias entidades educacionais e científicas se posicionaram contra a ideia, alegando que essa proposta seria mais uma forma de precarizar o ensino médio. Cabe ressaltar que o Decreto nº 9057/2017, em seu artigo 8º delega às autoridades dos sistemas de ensino estaduais, municipais e distrital a autorização de cursos na modalidade a distância para o Ensino Médio, desde que atendam ao que determina o artigo 36 da LDB.
Mas a reação das entidades levaram o presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) a responder às duras críticas, colocando o seguinte:
"É lamentável, mas consistente com seu tradicional conservadorismo e falta de criatividade, experimentação e renovação, que as 12 entidades “científicas” preocupadas com a educação uniformemente repudiem qualquer introdução de aprendizagem a distância no ensino médio. Sua atitude é prova cabal da sua incapacidade até agora de achar soluções práticas para tirar o ensino básico brasileiro da sua condição academicamente lastimável. EAD é uma abordagem que exige do aluno motivação de aprender, auto-disciplina, e crescente autonomia —características não necessariamente encontradas em todos os adolescentes. Assim, a introdução de EAD no ensino médio promoverá o amadurecimento dos alunos, introduzirá as novas formas de pensar e trabalhar que os aguardam no futuro e aumentará aspectos de inclusão. Mas teria que ser feita com inteligência e prudência, e sem preconceitos baseados na ignorância de suas virtudes, já reconhecidas internacionalmente" (Fredric M. Litto – Professor Emérito da USP – Presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância – Resposta da ABED à crítica de EaD no Ensino Médio. Folha de São Paulo e Jornal da Ciência – SBPC, 22/03/2018).
Considerando os argumentos usados pelo presidente da ABED, como você propõe que a EaD poderia ser inserida no ensino médio, com vistas de melhorar a qualidade do ensino presencial? Cite exemplos.
Respostas
Resposta:
EaD poderia ser inserida no ensino médio por meio de diversas iniciativas, sem desvalorizar as aulas presenciais. A EaD poderia ser utilizada como recurso complementar, em que os alunos teriam acesso a um ambiente virtual de aprendizagem, possibilitando outro tipo de experiência, que não são possíveis em sala de aula presencial. Por exemplo, em uma aula de história, o professor do ensino médio poderia utilizar momentos a distância em atividades interativas com os alunos em um mundo virtual online, no qual os alunos se encontrariam para uma visita a museus virtuais ao redor do mundo, por meio de avatares.
Em uma aula de idiomas, o aluno poderia estender seu aprendizado em sala de aula presencial por meio de um aplicativo para celular, em que fosse possível o acompanhamento do docente. Em tal aplicativo, o aluno faria tarefas de qualquer lugar, fora do ambiente doméstico, sobre o aprendizado de uma língua estrangeira.
Essas aulas a distância podem ser exploradas em um ambiente extraclasse, no período em que o aluno não está na escola, sendo mais incentivadoras do que as tradicionais "tarefas" que muitas vezes não recorrem a recursos tecnológicos. Essas aulas ainda poderiam acontecer no período em que o aluno permanece na escola, combinadas com as aulas presenciais, sem a necessidade da figura do professor fisicamente. É claro que essas atividades devem ser inseridas com cautela, acompanhamento e mediação de docentes e gestores, considerando também a realidade social, a condição socioeconômica, as condições de acesso às tecnologias digitais e o acesso à internet, assim como as habilidades de alunos e professores para essas aulas nessa modalidade. É fundamental pensar que os alunos nessa etapa da educação já interagem com o conhecimento mediados por recursos tecnológicos, dessa forma, a preocupação das entidades deveria ser pensar em mecanismos para tornar o ensino mais qualificado.
Explicação:
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