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Quando Hollywood produz um filme e investe pesadamente em sua divulgação, envolvendo astros e estrelas, equipe técnica muito qualificada e distribuindo globalmente o filme é possível afirmar que estamos diante de um Blockbuster, ou seja, de um “arrasa-quarteirão”, um daqueles filmes comerciais de grande apelo popular que irão enriquecer a produtora e os envolvidos. Não se espera, no entanto, que uma produção como esta seja, necessariamente, um grande filme ou uma obra de arte, na acepção da palavra, ou seja, uma película memorável, que irá ser lembrada e relembrada anos após seu lançamento...
Esta foi a perspectiva que tive em relação ao filme “O Rei do Show”, ou seja, a de que seria apenas entretenimento, sem nada além disso. Um filme com elenco composto por astros do quilate de Hugh Jackman, Michelle Williams e Zac Efron, todos estrelas consolidadas e em ascensão no mercado cinematográfico, com produção e direção de equipe que participou do bem-sucedido musical “La La Land” prometia ser visualmente elegante, tecnicamente impecável, com boas atuações sem que isso fizesse da produção uma obra de arte.
Ledo engano. “O Rei do Show” é um show e isso não é apenas um trocadilho. Não apenas a parte técnica e o elenco são muito qualificados, mas o roteiro é interessante, a trilha sonora é uma das melhores dos últimos anos (canções belíssimas) e há muitas e valiosas lições ao longo da trama, daquelas relacionadas ao empreendedorismo e criatividade do personagem principal, um dos criadores do conceito moderno de circo, Barnum Bailey (Hugh Jackman) a questões como tolerância e respeito.
Virar o jogo e transformar uma situação ruim em uma oportunidade real de crescimento e prosperidade é apenas uma parte daquilo que o filme dirigido por Michael Gracey oferece aos espectadores. Além desta já importante e considerável parte da trama, há também embates relacionados as diferenças sociais, enfatizadas pela plebe relacionada ao circo de Barnum Bailey e a alta burguesia que frequenta os teatros e óperas das grandes cidades onde a trupe circense se estabelece.
Oferecer trabalho para pessoas diferentes, com características marcantes, consideradas como aberrações, estigmatizadas socialmente e isoladas do convívio com a maioria das pessoas é outro ponto importante do filme. O que para muitos foi, na história de vida do empreendedor Barnum Bailey, uma exploração do exótico e daquilo que chocava o grande público, apenas negócios e lucros no final das contas, pode também ser lido e percebido, o que é feito no filme, como meio de integração social e valorização das pessoas por ele contratadas. Deixar de ser visto como alguém a quem se impõem um exílio involuntário e a pecha de esquisito para se tornar um artista no circo, destacando seus talentos além daquilo que é fisicamente visível, permitindo que essas pessoas pudessem dançar, cantar, realizar mágicas, fazer malabarismos ou outras ações de impacto pode, também, ser percebido como um movimento de tolerância e integração social.
“O Rei do Show” é um filme que revigora o fôlego, alimenta a alma, dá esperanças a quem o assiste, renova a confiança de quem quer superar adversidades. Espetáculo visual, com coreografias belíssimas e músicas para ouvir sempre, roteiro de primeira e atuações convincentes, veio para enriquecer a galeria dos grandes musicais de todos os tempos.
Em sala de aula
1. Viva as diferenças. Que bom que somos diferentes. É justamente a diversidade que torna mais rica a humanidade. E a diversidade é marcada por aquilo que é pulsante, vivo e intenso, independentemente dos padrões de beleza ou estética vigentes. Em “O Rei do Show” as atrações circenses são pessoas diferentes, mais altas, baixas