Respostas
As águas que hoje identificamos como o oceano Atlântico sofreram uma das transformações geográficas mais radicais da modernidade: desde os tempos clássicos tinham sido consideradas como um mar que circundava o conjunto das terras habitadas, genericamente conhecido como Mar Oceano; pelo século XV, a experiência da navegação europeia em direcção a oeste implicou uma nova percepção do que até então se imaginava como um vasto mar1. Dito de outro modo: ao contrário de outros espaços do globo que eram totalmente ignorados, o oceano Atlântico começou a configurar-se a partir da reinterpretação de um objeto que já havia sido imaginado, conceitualizado e, ainda que parcialmente, percorrido durante os séculos anteriores. Neste sentido, o desenho do novo oceano implicou uma ruptura profunda no que diz respeito aos conhecimentos herdados. Essa ruptura não implicou tanto o abandono de imagens anteriores, mas antes a adaptação da nova informação a esquemas prévios; e a expressão de novas redes de intercâmbio, que deram formas específicas às massas oceânicas.
Entre finais do século XV e inícios do XIX, no quadro das explorações marítimas ibéricas, circulou um amplo universo de imagens sobre o oceano Atlântico. Essas imagens dão conta de um espaço organizado em função de construções teóricas, historiográficas e científicas, ideológicas e geopolíticas, socioeconômicas, mas também da realidade prática.