[. ] naquele casarão, estar no quarto que fora o de minha mãe era entrar num conto de fadas [. ]. Quando tinha tempo a avó abria a tampa de um baú sob a janela e eu podia ver, pegar, até vestir: eram roupagens de crianças de antiquíssimos carnavais. A sensação de coisas há muito guardadas, o farfalhar dos tafetás, a cócega das plumas, o oblíquo olhar das máscaras, acendiam a fogueira da minha imaginação. Vestindo aquelas roupas eu sentia o poder dos disfarces, e a multiplicidade, a riqueza, de nada nunca ser o mesmo nem ser um só. Usar uma fantasia era [. ] ser todas as possibilidades. Não consigo descrever a alegria de remexer nesse velho baú: o tempo era um peixe de vidro de repente na minha mão, concreto. [. ] estavam ali os momentos vividos de minha mãe menina, era o estranho-íntimo, onde eu penetrava quase a medo. E quando em casa lhe falei daquela descoberta, o baú, as máscaras e roupas, minha mãe não pareceu dar muita importância. Achou graça da minha emoção, nem sabia que aquelas velharias inúteis ainda estavam guardadas. [. ] luft, lya. Mar de dentro. São paulo: arx, 2002. Fragmento. Entende-se desse texto que a narradora escolhia as fantasias da família para usar na festa de carnaval. Lembrava com afeto das fantasias que estavam no baú da família. Organizava as fantasias para devolvê-las aos donos. Preparava com alegria um espetáculo de contos de fada. Separava as fantasias da família para mostrar para mãe
igordssilva007:
coloquei que : lembrava com afeto das fantasias que estavam no baú da família.
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