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Explicação:
O artesanato surgiu juntamente com a origem do indivíduo. A necessidade de produzir itens funcionais a partir dos materiais ao nosso alcance sempre existiu, expressando a criatividade do ser humano para produzi-los, transformando este ato em uma forma de trabalho dentro de seu círculo social. Quando o homem aprendeu a polir a pedra, moldar a cerâmica e tecer fibras, assim como quando os índios aprenderam a arte da pintura, a confecção de cestos de palha, vestuário e acessórios repletos de plumas são momentos onde podemos identificar o início da arte artesanal.
O papel das mulheres dentro deste contexto histórico é importantíssimo, principalmente dentro de algumas tribos indígenas. As mulheres aprenderam todas as técnicas de artesanato com os recursos locais vindos da natureza e a elas eram atribuídas as artes, a magia, a medicina (enquanto cura pelas ervas e outros métodos naturais) e a capacidade de procriação. Por conta disto, em tempos onde a sobrevivência de uma tribo era extremamente importante, elas permaneciam reclusas em seus espaços enquanto os homens caçavam, conquistavam novos territórios ou mesmo guerreavam. Apesar deste fato abrir margem para uma interpretação sexista (onde discriminamos a capacidade de uma pessoa de executar algo a partir de seu gênero) é importante ressaltar a diferença de contexto histórico e que mulheres eram valorizadas por serem responsáveis por perpetuar a existência de uma tribo a partir da maternidade (o ato dar à luz em si, amamentar e entender os próprios bebês de maneira instintiva), função que homens não poderiam desempenhar.
Em nosso contexto contemporâneo, a valorização da mulher que está ligada às artes e aos trabalhos manuais não está mais relacionada à maternidade e sim à motivação que esta prática traz ao seu cotidiano. O artesanato brasileiro é rico culturalmente e já faz parte de nossa história. Ao observarmos o seu impacto, notamos como os produtos criados refletem hábitos e contam histórias. Para mulheres em situação de risco ou vulnerabilidade, o artesanato representa um divisor de águas, uma nova realidade e oportunidade de reestruturar-se socialmente e psicologicamente. Os trabalhos sociais feitos dentro das comunidades possibilitam que as pessoas mantenham sua identidade local e suas heranças, muitas vezes construídas por mães e avós artesãs — envolvidas na maior parte das vezes com técnicas de costura e outras que estejam associadas aos cuidados com o lar e a família — transformando-as em empoderamento econômico. O artesanato se dá pela junção da criatividade do artesão com o meio em que vive e a forma como isto o influencia.
É comum que mulheres sintam-se desvalorizadas após anos trabalhando ou depois de se aposentar, por conta da falta de espaço dentro do mercado para este público ou mesmo pela falta de compreensão por parte dos familiares neste novo momento da vida. Nunca é tarde para aprendermos coisas novas e principalmente para descobrirmos o nosso papel como agentes de mudanças sociais e culturais. O artesanato pode capacitar mulheres a aprender técnicas como costura, pintura em quadros e madeira, biscuit, confecção de bijuterias, customização e reciclagem de roupas, sabonetes ou cosméticos e até mesmo a fazer chocolates nesta época de Páscoa. Além de “botar a mão na massa” para produzir ser algo divertido, o artesanato pode gerar renda extra e garantir parte da independência financeira de muitas mulheres de regiões periféricas.
O aprendizado de uma nova técnica contribui para a sua estima e sensação de contribuição, fazendo com que se sinta útil perante à função desempenhada. Você pode alcançar isso confeccionando peças artesanais para presentear pessoas queridas, aprendendo a fazer docinhos e decorações de festas para as crianças de sua família, fazendo consertos e customizando roupas antigas além de poder associar uma causa social ao tipo de artesanato que mais gosta. Que tal fazer cachecóis de tricô (prática que costumava ser passada de mãe para filha e que muitas mulheres ainda executam com maestria) para aquecer o inverno de moradores de rua ou comunidades carentes? Ou propor oficinas de costura em escolas, igrejas ou associações beneficentes próximas de sua casa? Você também pode entrar em contato com ONG’s e informar-se sobre o que pode fazer para ajudar os projetos sociais de cada uma delas, sugerindo o artesanato como um meio de integrar pessoas e capacitá-las.