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O trabalho infantil é um problema que atinge principalmente os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Até meados do século XIX, nossa população concentrava-se principalmente na área rural, sendo muito comum a utilização de mão de obra de crianças e adolescentes. A evolução histórica da proteção trabalhista revela que o esforço legislativo empregado não foi acompanhado do correspondente progresso no campo cultural, social e econômico, dada a persistência de práticas prejudiciais ao desenvolvimento físico e intelectual e à preparação de jovens para a fase adulta.
O primeiro fator que pode ser apontado como responsável pela subsistência dessa forma cruel de exploração do trabalho humano é a desigualdade social, que submete um grande número de famílias a condições miseráveis de vida. Isso conduz a uma inevitável exploração da força de trabalho das classes menos favorecidas, atingindo pessoas de todas as idades, inclusive crianças. O trabalho infantil, nesse contexto, deixa de ser uma mera opção e passa a representar uma questão de sobrevivência.No entanto, é inegável que há uma grande influência do aspecto cultural nesse processo, uma vez que ao trabalho é associada a ideia de dignidade e honradez, sendo muitas vezes a saída encontrada pelas famílias para evitar a incursão do indivíduo no mundo do crime. Isso tudo, aliado à falta de entendimento em torno da importância de manter a criança longe do trabalho e frequentando a escola, dota o enfrentamento do problema de dificuldade e complexidade ainda maiores. Isso explica a predominância do trabalho infantil no Nordeste, onde a seca, a ausência de um planejamento familiar e a tradição de possuírem muitos filhos influenciam sobremaneira a piora desse cenário.
Por outro lado, a omissão do poder público e da sociedade na implementação de medidas efetivas de combate a práticas abusivas dessa natureza também contribui para o agravamento do quadro, uma vez que a manutenção dessa situação ao longo do tempo fez com que, de certa forma, nos tornássemos indiferentes à presença de crianças nas ruas, vendendo produtos em faróis, realizando serviços domésticos em casas de outras famílias e desgastando-se nas lavouras, entre outros exemplos típicos inclusive de grandes centros urbanos e de cidades do Sudeste do Brasil.
Por conseguinte, é necessário empreender medidas transformadoras dessa realidade cruel e degradante em nosso país. Para isso, é preciso estender o alcance da educação de qualidade à população mais vulnerável, centralizando os esforços principalmente no campo e no sertão nordestino. Além disso, deve-se ampliar o número de escolas em tempo integral, voltadas ao ensino técnico e de profissões. Isso tudo, combinado a uma política bem pensada em termos de planejamento familiar, certamente reduzira os índices alarmantes do trabalho infantil, favorecendo a melhora na qualidade de vida e a perspectiva de um futuro digno para jovens de todas as classes do Brasil.