02. Segundo o eu poético, a partir de determinado momento a informação deixa de ser exata. a) Que termo, na letra da canção, indica esse momento? b) O que justifica a afirmação sobre a falta de exatidão da notícia? 03. Como são nomeados os personagens da notícia? 04. Que efeito de sentido tem essa forma de nomear as pessoas? 05. Transcreva um verso que mostre se tratar de pessoas pobres. 06. Que causa teve a atitude de Joana? 07. Transcreva o verso que mostra tratar-se de um fato que já aconteceu a outras mulheres. 08. Que sentimento de Joana de tal passou despercebido por todos? 09. Transcreva a gíria que é usada para significar que ninguém percebeu sua dor de amor. 10. Transcreva o verso em que o eu poético se inclui no universo daqueles cuja dor não é notícia para ninguém. da canção Noticias de Jornal por favor me ajudar
Respostas
Interpretando a canção de C. Buarque, vê-se que:
2 - a) carece de exatidão, b) não se pode voltar ao lar, que no plano psicológico estava desfeito por João ter ido embora.
3 - Joana de Tal e João de "tal".
4 - Refere-se a pessoas comuns, que poderiam ser quaisquer de nós, de um modo ligeiramente diferente de ''João ninguém'' - este tem sentido pejorativo, os primeiros, generalizantes.
5 - Num humilde barracão.
6 - A partida de João e o fim do lar, do relacionamento.
7 - Joana é mais uma mulata triste que errou.
8 - A dor de Joana, que era o seu verdadeiro mal.
9 - Ninguém morou - "morô" era comum em idos de 70 e 80 para dizer que "ninguém sacou", camparável ao "todo mundo ficou boiando" de hoje, em linhas rasas.
10 - A dor da gente não sai no jornal.
Notícia de Jornal: breve análise.
Em 15 versos, Chico Buarque, sendo Chico, não faz pouco "causo".
Nas imagens que se constroem rapidamente no texto, destacam-se:
- O verbo atentar, como transitivo direto, tem sentido de pôr em execução, empreender, começar, de "prestar atenção". Então, além de tentar suicídio atentando contra a existência (transitivo indireto), dentro do contexto da música, parece que Joana já começou por um empreendimento mal fadado - o lar.
- O jogo de palavras entre Joana de tal e um tal João, devido a similaridade fonológica imediatamente remete a Fulana e Fulano de tal.
- Retirou-se para o seu lar - o lar era seu retiro, seu refúgio, lugar de descanso. Se Chico tivesse escolhido ''voltou'', por exemplo, mudaria completamente o "sentido''.
- O lar não mais existe. O barracão estava lá. Mas uma casa vazia não é um lar. Então se estabelece aqui um recurso poético que deixa claro a imagem de Joana, refugiada e sem refúgio, porque procurou seu retiro e não o encontrou. O paradoxo que se forma explica a falta de exatidão da notícia.
- Mais uma mulata triste que errou na dose [...] - ao tentar envenenar-se e não morrer - , errou no amor - por ter amado muito (além da dose) um homem errado, João. Joana é mais uma errante que vaga pelo mundo.
- Ninguém notou - polissemia entre prestar atenção, fazer notas no jornal, etc.
- Ninguém morou na dor que era o seu mal - "ninguém morô", a gíria, remete ao sentido literal de morar ⇒ viver em X local; então, ninguém viveu sua dor realmente, além de mais "n" polissemias.
- A dor da gente não sai no jornal - da gente: nós; da gente: povo. O jornal não liga para o povo.
Fecha-se aqui a breve análise desta notícia de jornal - morô?
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