"Seguramente não é essa massa rude, de iletrados, enfermiços, encarquilhados, impaludados, mestiços e negros. A isso não se pode chamar um povo, não era isso o que mostraríamos a um estrangeiro como exemplo do nosso povo. O nosso povo é um de nós, ou seja, um como os próprios europeus. [. ] Que somos hoje? Alguns poucos civilizados, uma horda medonha de negros, pardos e bugres, Como alicerce da civilização, somos muito poucos, daí a magnitude do nosso labor. Mas, no que depender de mim, e tenho certeza de que dos senhores também, o Brasil jamais se tornará um país de negros, pardos e bugres. " RIBEIRO, João Ubaldo. Viva o povo brasileiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984, p. 245. Glossário: Bugre: indivíduo considerado rude ou primário. Encarquilhados: cheio de pregas, enrugado. Impaludados: infeccionado com doença. No romance Viva o povo brasileiro, um dos personagens proferiu o discurso lido acima, no período em que vigorava no Brasil a escravização de africanos e de seus descendentes. É possível afirmar que a visão do personagem europeu sobre os escravizados era de A preocupação, pois temia a violência que sofriam e, por isso, mostrou-se contra a escravidão. B integração, pois considerava os escravizados como brasileiros e, por isso, exigia direitos iguais a todos. C valorização, pois apreciava a cultura e a religião africanas e, por isso, essas pessoas deviam ser integradas à sociedade. D inferiorização, pois considerava que a população africana e afrodescendente não era dotada de civilidade e, por isso, devia ser escravizada
Respostas
Sobre a cultura dominante durante o período da escravidão, a fala expressa a intencionalidade presente na alternativa D- inferiorização, pois considerava que a população africana e afrodescendente não era dotada de civilidade e, por isso, devia ser escravizada.
A escravidão e o pensamento racista brasileiro
O Brasil é, desde a chegada dos portugueses, um país segregador. Mesmo conhecido por sua pluralidade e miscigenação, o racismo é parte constituinte da sociedade brasileira. A fala que aparece no livro expressa, com boas doses de realidade, o pensamento de boa parte da classe dominante brasileira durante os mais de três séculos de escravidão.
Nessa época, negros escravizados eram considerados objetos, mercadorias, com preço e dono. As cidades brasileiras continham estrutura colonial, com pouca ou nenhuma separação entre as elites e os mais pobres, criando um ambiente conflitivo que incomodava as elites, que por sua vez se preocupavam com a imagem do país no estrangeiro.
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