E quando considero que duvido, isto é, que sou uma coisa incompleta e dependente, a ideia de um ser completo e independente, ou seja, de deus, apresenta-se a meu espírito com igual distinção e clareza; e do simples fato de que essa ideia se encontra em mim, ou que sou ou existo, eu, que possuo esta ideia, concluo tão evidentemente a existência de deus e que a minha depende inteiramente dele em todos os momentos da minha vida, que não penso que o espírito humano possa conhecer algo com maior evidência e certeza. Descartes, rené. Meditações. Tradução de jacó guinsburg e bento prado júnior. São paulo: nova cultural, 1996. P. 297-298. Com base no texto, é correto afirmar que: a o espírito tem uma ideia obscura e confusa de deus, o que impede que essa ideia possa ser conhecida com evidência. B a ideia da existência de deus como um ser completo e independente é uma consequência dos limites do espírito humano. C o conhecimento que o espírito humano tem de si mesmo é superior ao conhecimento de deus. D a única certeza que o espírito humano é capaz de provar é a existência de si mesmo, enquanto um ser que pensa. E a existência de deus, como uma ideia clara e distinta, é impossível de ser provada
Respostas
Para Descartes, a ideia da existência de Deus é consequência das limitações da mente humana. Portanto, a Alternativa B está correta. Esta é uma ideia que se assemelha à ideia de Santo Anselmo.
Quem é Deus para Descartes?
A demonstração da existência de Deus de Descartes vem de vários ângulos.
1º - Encontro na minha cabeça a ideia de Deus, ou seja, de um ser infinito, perfeito, todo-poderoso que sabe tudo, etc.
Bem, essa ideia não pode vir do nada, nem de mim mesmo, pois sou finito, imperfeito, frágil, etc., porque isso faria de mim um ser superior à coisa, o que é impossível. Assim a ideia de Deus só pode ter sido colocada em mim por uma autoridade superior, o que corresponde à perfeição dessa ideia, ou seja, pelo próprio Deus.
2º - Outro aspecto do mesmo argumento é que a ideia de Deus implica sua existência porque um ser perfeito deve existir.
As duas provações desafiam-se e apoiam-se mutuamente (que Deus nos moldou dando-nos a ideia de si mesmo ao criar-nos, e que a ideia de si implica a sua existência).
Descartes chega a dizer que conceber Deus com existência como conceber uma montanha com um vale: você não é livre para conceber qualquer outra coisa. É como fazer um triângulo com três lados. Esta prova é a priori, semelhante à de Santo Anselmo.
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