Respostas
Resposta:A religião é um dos fenômenos mais importantes entre aqueles pertencentes exclusivamente ao ser humano. Toda cultura ou civilização, sem exceção, desenvolveu um sistema religioso, fosse ele mais elementar, como as religiões dos povos nativos da América e da Oceania, fosse mais complexo, como as religiões abraâmicas (derivadas do patriarca Abraão) médio-orientais: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.
Após o advento das ciências humanas especializadas, como a antropologia, a sociologia, a história e a psicologia, muitos investigadores vêm tentando explicar o fenômeno religioso e, grosso modo, definir o que é a religião. Alguns deles, como os filósofos alemães do século XIX Friedrich Nietzsche e Karl Marx e o francês Auguste Comte, manifestaram-se como absolutamente avessos à ideia de religião e à existência de uma realidade transcendente, isto é, uma realidade que está para além desse mundo, do mundo físico, material, corpóreo. Concentraram-se em ressaltar aquilo que julgavam ser o essencial no religioso, isto é, o seu suposto caráter nocivo para a humanidade.
A diversidade entre as religiões é complementada com a diversidade dentro de religiões, e isto até mesmo dentro de uma autêntica tradição ortodoxa, que é o mesmo que dizer, sem tomar em consideração as várias manifestações de dissidência a que já tivemos ocasião de aludir. Deve-se reconhecer que a uniformidade não é um primeiro desejo para a religião, e que mesmo no Cristianismo, que tem gozado de uma forma sistemática com padrões muito mais estruturados de doutrina e organização do que qualquer outra religião, não obstante sustenta formulações imprecisas, ambiguidades, incoerências e até contradições de doutrina. De facto, a linguagem religiosa tradicional do Cristianismo nem sempre elimina ambiguidades, mas às vezes nem sequer procura mantê-las. Tais funções da linguagem não são apenas, nem necessariamente nem primariamente, para denotar propriedades. Tem funções igualmente importantes em reunir respostas emocionais e prescrever valores e posições. O cognitivo, emotivo e avaliativo estão inextricavelmente interligados de uma forma muito diferente às formas de pensamento cientificamente informado. Em consequência desta multifuncionalidade, a linguagem da religião, quando vista cientificamente ou investigada legalmente, frequentemente tem uma falta de clareza, definição e especificidade. Pode ser que isso seja visto como normal na religião, mesmo quando, como no caso do Cristianismo, fez-se um esforço intelectual durante séculos para articular doutrinas religiosas de uma forma coerente.