E.M.F.R, sexo feminino, 32 anos, parda, há 5 meses submetido à cirurgia
bariátrica (bypass gástrico) por conta da obesidade mórbida (IMC = 38,7 kg/m²),
chega à emergência referindo muita dor de cabeça, diarreia falta de ar e tonturas
frequentes. Relata que há algumas semanas tem se sentido desanimado e pouco
eficiente no trabalho, porém quando deita na cama, tem dificuldade para dormir.
Ainda, diz que é diabética e hipertensa e que faz uso de medicamentos para
ambos, porém acha que o anti-hipertensivo está sendo ineficaz, pois em alguns
momentos tem sentido palpitações. Refere alimentação rica em carboidratos e
frutas, sedentarismo, nega tabagismo e alcoolismo. Ao exame físico são
observados os seguintes: palidez cutaneomucosa, queilite angular, unhas
quebradiças, adinamia e anemia.
PA = 139x90mmHg,
FC = 90 bpm,
FR = 30 rpm,
IMC = 30,2.
São realizados exames laboratoriais:
HB = 4g/dL,
VCM = 73fL,
CHCM = 27g/dL,
RDW = 19%,
plaquetas 580.000/mm³,
ferro sérico = 24mg/dL,
Respostas
Analisando o quadro médico da nossa paciente, concluímos que além da Diabetes e da Hipertensão, desenvolveu quadros de Síndrome de Dumping e Anemia Ferropénica. Concluímos, também, que a medicação anti-hipertensiva deve ser revista, uma vez que não está a surtir o efeito necessário.
Diagnóstico médico
Quadro médico da nossa paciente:
Com estes dados, o diagnóstico mais provável é o de Síndrome de Dumping. Mas vamos analisar este caso e tentar justificar esta hipótese.
- Em primeiro lugar, o que é a Síndrome de Dumping?
A Síndrome de Dumping é um conjunto de sintomas associados à má digestão dos açúcares no estômago, causada pelo rápido esvaziamento deste órgão, levando a várias reações do nosso corpo aquando da chegada do bolo alimentar ao intestino.
Como a quantidade de açúcares ao nível do intestino é muito elevada, o pâncreas liberta um excesso de insulina e outras hormonas, causando hipoglicemias e os sintomas que lhe estão associados, como mal-estar, tonturas e sensação de desmaio.
Entre 25% e 50% dos pacientes que realizaram Bypass Gástrico sofrem desta doença, em que podemos identificar 3 fases:
- Numa primeira fase, entre 10 a 20 minutos depois da refeição, os pacientes tendem a desenvolver sudorese, rubor facial, dor abdominal, náusea, taquicardia e sensação de desmaio.
- Numa segunda fase, entre os 20 minutos e 1 hora depois da refeição, os pacientes podem desenvolver distensão abdominal, acompanhada de flatulência e diarreia.
- Numa terceira fase, até 3 horas depois da refeição, os pacientes podem desenvolver sudorese, ansiedade, fome, tremores e fraqueza, além de dificuldade de concentração. Estes são os sintomas causados pela hipoglicemia.
- A respeito da nossa paciente:
Encaixa-se no grupo de doentes de risco, uma vez que realizou um bypass gástrico há 5 meses.
Os sintomas descritos - cefaleia, dispneia, tonturas, palpitações, dificuldade de concentração no trabalho, diarreia e adinamia - coincidem com os sintomas que a hipoglicemia pode causar, dando força à nossa hipótese.
A insônia pode ser causada por vários fatores, entre eles, a ansiedade que pode ser sentida durante a terceira fase desta síndrome.
No que toca à palidez cutaneomucosa, queilite angular e unhas quebradiças, estes são causados pela anemia da paciente.
Pelos exames laboratoriais, podemos ver que os eritrócitos são menores do que o normal (VCM diminuído), possuem pouca hemoglobina (CHCM diminuída).
Quanto ao ferro sérico, vou assumir que o valor real é de 24 µg/dL, uma vez que a concentração do enunciado é demasiado elevada. Desta forma, podemos notar valores demasiado baixos de Ferro.
Assim, a anemia da paciente deverá ser microcítica ferropénica.
O IMC da nossa paciente ser superior a 30 (Obesidade I) também explica este ser o caso, uma vez que pacientes obesos têm uma maior produção de Hepcidina, que pode levar à Anemia Ferropénica.
Esta anemia pode explicar, ainda, a frequência respiratória acima dos valores de referência.
Já quanto à dúvida da paciente quanto à eficácia do anti-hipertensivo, podemos confirmar que a sua pressão arterial está acima dos valores de referência. Uma vez que tanto o medicamento em toma, como a anemia e a Síndrome de Dumping deveriam estar a diminuir a pressão arterial da paciente, podemos dizer que o anti-hipertensivo não está a surtir efeito e que a sua dose deve ser revista ou o fármaco em uso deve ser alterado.
Para mais exercícios sobre Diagnóstico médico, acesse:
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