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- que é Desigualdade racial:
A desigualdade racial é a diferença em oportunidades e condições de vida que ocorre em função da etnia de uma pessoa. Negros, índios e mestiços - são exemplos de grupos que enfrentam desafios decorrentes de processos históricos de segregação.
Apesar de ter origem na palavra “raça”, esse é um termo que foi utilizado para diferenciar humanos até meados do século XX, mas caiu em desuso com a comprovação científica de que não existem subgrupos de humanos, isto é, existe apenas uma raça humana.
Quando se trata da desigualdade racial, portanto, trata-se da desigualdade existente entre grupos étnicos. A desigualdade racial é resultado de processos históricos, culturais e políticos, baseados na crença da superioridade de algumas “raças”. No Brasil, a escravidão é o episódio cujas consequências são mais explícitas em relação à desigualdade racial.
Condições diferentes de acesso à educação, saúde, segurança e moradia, por exemplo, são barreiras enfrentadas por negros e outras etnias minoritárias no mundo todo e em especial, nos países onde as políticas de segregação foram mais severas.
- A desigualdade racial no Brasil
O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo e a cor de pele é um elemento estruturante da diferença entre grupos. A desigualdade racial é refletida em diferentes condições de educação, renda e emprego dessa população.
Apesar de os negros serem cerca de 54% da população, os índices socioeconômicos não são proporcionais entre toda a população. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do IBGE mostra essa disparidade entre vários aspectos.
Educação
Em 2017, a taxa de brancos com ensino superior completo era de 22,9%, enquanto que a de negros era 9,3%. O analfabetismo, em 2016, era maior entre os negros e pardos, que contavam com 9,9% de sua população incapaz de ler. Nesse mesmo ano, a taxa de brancos analfabetos foi 4,2%.
A taxa dos jovens entre 15 e 17 anos que estava fora da escola é maior entre negros e pardos do que entre brancos. Enquanto 7,2% dos brancos não frequentam a escola nessa faixa etária, 10,2% e 11,6% de pardos e negros, respectivamente, não estão na escola.
Renda
Essa pesquisa mostrou que, em 2017, a renda mensal de negros e pardos variava entre R$ 1.570 e R$ 1.606, enquanto a média para os brancos era de R$ 2.814. Os negros e pardos também representam os mais pobres. Os pesquisadores isolaram os 10% mais pobres do país e verificaram que destes, 75% eram negros ou pardos.
Trabalho
As taxas de desemprego ou de emprego informal também são desfavoráveis para essa parcela da população. No primeiro trimestre de 2018 havia 14,6% de negros desempregados, uma taxa superior aos 11,9%, que foi a média de desemprego geral naquele período.
Homicídios
O negros também estão no topo das estatísticas de homicídios no Brasil. Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, eles representam 71% das vítimas desses crimes e há indícios de agravamento: o número de negros mortos entre 2005 e 2015 aumentou 18%, enquanto entre a população negra, esse índice caiu 12%.
Violência contra a mulher
A violência contra a mulher também merece uma análise com recorte racial. No Brasil, em média, 64% das mulheres assassinadas são negras e as estatísticas não mostram avanços. Segundo o Mapa da Violência de 2015, entre 2003 e 2013, o homicídio de mulheres negras foi de 1.864 para 2.875, sendo que no mesmo período os homicídios de mulheres brancas caiu de 1.747 para 1.576.
- Origem da desigualdade racial no Brasil
A origem da desigualdade racial no Brasil é resultado do longo período de escravidão, que durou cerca de 350 anos. Considerando os pouco mais de 500 anos de história do Brasil, é possível perceber o quanto a história do país se confunde com a história da escravidão.
Gráfico que ilustra a duração da escravidão no Brasil. Autoria da imagem: Maria Vitória Di Bonesso.
Ao longo desses 350 anos, o Brasil foi o país ocidental que mais recebeu escravos, foram 4,8 milhões de negros desembarcados de navios negreiros nas costas brasileiras, e foi também um dos últimos países no mundo a abolir a prática.
Com o fim da escravidão, a situação dos libertos continuou difícil. A falta de políticas públicas para a inserção social dos negros, como oportunidades de educação, profissionalização e moradia, os obrigou a continuar em espaços marginalizados da sociedade. Ou seja, mesmo com a abolição da escravidão, a mobilidade social continuava quase impossível.