Releia os dois fragmentos do conto de Maupassant:
Fragmento 1
58 Então, ele afirmou com o pavor de um miserável que, perdido, confessa um crime:
59 — Eu tive um sentimento pela senhora. Eis tudo.
60 Ela nada respondeu, parou de olhá-lo, baixou a cabeça e pensou. Era boa, correta, cheia de doçura, inteligente e sensível.
61 Ela pensou, num segundo, no imenso devotamento desse pobre ser que havia renunciado a tudo para viver ao seu lado sem nada dizer. Teve vontade de chorar.
62 Depois, com semblante mais grave, mas nem um pouco zangada:
63 — Voltemos — disse ela.
Fragmento 2
71 Ela respondeu, resignada:
72 — Mas, meu querido, você sabe que o doutor receitou. É ainda o que há de melhor para seu estômago. Se não tivesse o estômago doente, eu o faria comer coisas que não ouso servir.
73 Então ele se plantou, exasperado, diante de Alexandre:
74 — É culpa deste im**cil se tenho o estômago doente! Há 35 anos que me envenena com sua cozinha suja!
75 A senhora Maramballe, bruscamente, virou a cabeça no mesmo instante para observar o velho empregado. Seus olhos então se encontraram e ambos disseram, neste único olhar: "Obrigado".
Este conto pode ser considerado uma história de amor, mas, ao mesmo tempo, como sempre ocorre nas obras de Guy de Maupassant, possui algumas características próprias da narrativa de mistério.
Qual dos dois fragmentos revela plenamente o mistério da dedicação de Alexandre e sua permanência por tanto tempo a serviço do casal? Interprete essa revelação a partir de um detalhe.
Respostas
Resposta: O mistério só é revelado plenamente no desenlace do conto, ou seja, no segundo fragmento.
Explicação: No primeiro fragmento, também há uma revelação, mas ela não é total. O mútuo olhar entre os protagonistas, no último parágrafo, tem seu significado revelado pelo parágrafo anterior. Ironicamente, sem o saber, foi o capitão quem revelou tudo a sua esposa; ao leitor, a revelação é dada pelo olhar com que ela fitou Alexandre: o criado envenenava lentamente seu patrão para libertar a senhora Maramballe.
Resposta:
O mistério só é revelado plenamente no desenlace do conto, ou seja, no segundo fragmento. No primeiro fragmento, também há uma revelação, mas ela não é total. O mútuo olhar entre os protagonistas, no último parágrafo, tem seu significado revelado pelo parágrafo anterior. Ironicamente, sem o saber, foi o capitão quem revelou tudo a sua esposa; ao leitor, a revelação é dada pelo olhar com que ela fitou Alexandre: o criado envenenava lentamente seu patrão para libertar a senhora Maramballe.