• Matéria: História
  • Autor: annafox297
  • Perguntado 3 anos atrás

Como era a vivência religiosa nos primeiros séculos de nossa história?? (Rápido plss)

Respostas

respondido por: nanyferreira98
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Resposta:

A criação de instituições sociais, tais como entidades religiosas, escolas e clubes, é um dos expedientes mais comuns em qualquer comunidade diaspórica:1 além de serem locais em que se vivencia a intimidade cultural, sem os olhares constrangedores da sociedade que acolheu o grupo, essas instituições proporcionam um espaço de socialização em que é reafirmado o pertencimento à comunidade, reforçando-se, dessa maneira, os liames que a mantêm coesa. Com a comunidade armênia que se instalava em São Paulo no início do século XX não era diferente: tal como outros grupos originários do Oriente Médio, ela também fundou nesse período as bases de sua permanência no Brasil. Neste trabalho, analisarei o papel desempenhado pelas instituições religiosas da coletividade armênia de São Paulo, notadamente a Igreja Apostólica Armênia, de modo a não apenas compreender o seu funcionamento, mas também perceber a sua relevância na manutenção da coesão dessa comunidade diaspórica.

2 A maior parte da população armênia no Brasil descende de famílias que fugiram das perseguições real (...)

2A criação dos espaços de convivência que essas instituições representam é especialmente importante para a geração dos imigrantes, ainda intimamente ligada às referências culturais da região de origem e, em muitos casos, pouco propensa a se misturar no país que a recebeu. Escolas, igrejas, clubes, entre tantas outras, viabilizam a manutenção de tais costumes, pois nesses espaços é possível aos imigrantes se comunicar em sua língua materna, festejar e se alimentar como em seu país de origem e, mais importante, comportar-se segundo os seus próprios padrões. Isso cria, ao menos nessas ocasiões, um sentimento de normalidade que é imprescindível para a adaptação no novo ambiente cultural. Entre os armênios, cuja imigração foi precipitada pelos massacres promovidos pelo governo otomano, essa demanda é ainda mais significativa, uma vez que esse convívio ajuda a neutralizar a força traumática das perseguições sofridas2 – não por acaso, conforme destaca Michel Pollak (2000), nos casos de imigração forçada uma estratégia comum é que as pessoas se prendam aos seus costumes e tradições anteriores como forma de resistência e para manifestar o seu descontentamento.

3Entretanto, com o passar do tempo e das gerações, a função das instituições deixa de ser criar um ambiente que os membros da comunidade reconheçam e passa a ser criar um ambiente para que os novos membros conheçam. Considerando que o contexto social utilizado como referência a partir da primeira geração de nascidos no “exílio” – conceito de uso problemático, visto que a situação das famílias que imigraram deixou de ser temporária – não é mais o país de origem do grupo e sim o país de acolhida, a tarefa das instituições não é manter vivas as memórias individuais, mas transmitir aos novos indivíduos a memória coletiva. Quando esse indivíduo reconhecer uma música ou dança do país de origem de seu grupo não será por tê-la visto lá e sim por ter sido apresentado a ela no âmbito dessas instituições.

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