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1964 – O Brasil Entre Armas e Livros é um filme do Brasil Paralelo, publicado no You Tube em 02 de abril de 2019 em meio a várias polêmicas, entre elas a da celebração do dia 31 de março, data que em 1964 se concretizou a intervenção militar sobre o governo do Brasil e a da rede de cinemas que se recusou a exibir o filme em suas salas.
O filme tem despertado reações de amor e ódio e debates acalorados, principalmente entre aqueles estatistas mais autoritários tanto de esquerda quanto de direita. Eu, enquanto representante dos liberais e libertários, acho que pude assistir o filme por um ponto de vista um pouco mais crítico em relação aos dois lados.
Confesso que tive que assistir o filme em três parcelas porque acabei dormindo duas vezes na primeira hora. O ritmo é muito lento. Os depoimentos dos historiadores gringos são chatíssimos. A partir de 1h10min, resolvi acelerar o vídeo e assistir em 2x, daí melhorou, até porque já foi a melhor parte, do AI5 até a redemocratização.
Sobre o debate ideológico, a coisa mais importante de todo o filme acontece em 1h31min40seg, quando admite-se que houve uma ditadura militar no Brasil. Penso que isso encerra definitivamente aquele discurso de que “não houve ditadura”.
Falam bastante também sobre os erros dos governos militares – positivistas, desenvolvimentistas, keynesianos e estatistas. Admitem que eles perderam o apoio da classe média quando a inflação ficou muito alta e as pessoas começaram a sentir no bolso as consequências da péssima gestão da economia.
Mostram muito bem a questão da guerra fria e de como a ameaça comunista era real no Brasil, para explicar que a intervenção militar era realmente necessária e até defendida pela população, ao mesmo tempo em que não é um filme que fica passando pano para os militares, já que em diversos momentos são mostrados os erros cometidos pelo regime.
O Ato Institucional número 5 (AI5), que retirava poderes do congresso, confiscava bens e suspendia uma série de garantias constitucionais, é retratado como o momento em que realmente se concretiza o modelo de ditadura. A censura atrapalhada, o ministros “técnicos” e a vista grossa à tomada das universidades e mídia pelos comunistas são outros pontos criticados no documentário em relação aos militares.
A parte final, que foca na devolução do poder ao civis, já mais conhecida e debatida nos dias de hoje, deixa claro que o pensamento liberal e conservador passava por uma grave crise frente à opinião pública, fruto das trapalhadas do regime. E que a redemocratização resultou nos famosos 50 tons de esquerdismo retratados nos partidos políticos então formados e na consequente Constituição socialista de 1988.
Destaques positivos para algumas citações ao cuiabano Roberto Campos, maior representante do pensamento liberal no Brasil durante o século XX e à participação relevante do Hélio Beltrão, presidente do Instituto Mises Brasil.
Debate ideológico
Tudo o que o Brasil Paralelo publicou até agora ainda é uma gota no oceano em relação ao domínio do debate ideológico que a esquerda teve nas últimas décadas na mídia e nas universidades. Ainda falta muito pra começar a sonhar em equilibrar as coisas.
Muitos liberais não gostam dos conservadores tanto quanto não gostam de esquerdistas, mas não se pode negar que o filósofo Olavo de Carvalho tem muito mérito em enfrentar a doutrinação esquerdista nas últimas décadas. Além dele, mais recentemente o Instituto Mises Brasil e agora o Brasil Paralelo têm sido muito bem sucedidos em contar a história e apresentar conceitos que confrontam a hegemonia de esquerda e a mentalidade anticapitalista ainda tão fortemente presentes em nossa sociedade.
No fim das contas, quem é que conta a verdade sobre o período de regime militar – a esquerda ou a direita?
A maioria dos brasileiros de até 40 anos foi educada numa realidade esquerdista. Até hoje ainda temos resquícios da doutrinação – uns mais, outros menos. Então, a verdade, em relação à história, é simplesmente aquilo que parece fazer mais sentido para cada indivíduo. O importante é conhecer as versões de todos os lados e ser livre para escolher.
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