Balada Feroz
Lança teu poema inocente sobre o rio venéreo engolindo as cidades
Sobre os casebres onde os escorpiões se matam à visão dos amores miseráveis
Deita a tua alma sobre a podridão das latrinas e das fossas
Por onde passou a miséria da condição dos escravos e dos gênios.
Dança, ó desvairado! Dança pelos campos aos rinchos dolorosos das éguas parindo
Mergulha a algidez deste lago onde os nenúfares apodrecem
e onde a água floresce em miasmas
Fende o fundo viscoso e espreme com tuas fortes mãos a carne flácida das medusas
E com teu sorriso inexcedível surge como um deus amarelo da imunda pomada.
(...)
E com todo esse pus, faz um poema puro
E deixa-o ir, armado cavaleiro, pela vida
E ri e canta dos que pasmados o abrigarem
E dos que por medo dele te derem em troca a mulher e o pão.
Canta! canta, porque cantar é a missão do poeta
E dança, porque dançar é o destino da pureza
Faz para os cemitérios e para os lares o teu grande gesto obsceno
Carne morta ou carne viva — toma! Agora falo eu que sou um!
MORAES, V. Balada feroz. Disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br. Acesso em: 26 jul. 2013.
Em relação à percepção da realidade, que liricamente foi figurada em todo o poema, o sujeito-poético
a) rejeita a violência e a condição de confronto associados ao mundo moderno.
b) associa a poesia à possibilidade de restauração da dignidade humana.
c) evidencia uma condição especial para o poema, que não deve se deixar contaminar pelo mundo degredado – reveja o paralelismo.
d) evidencia a contaminação do poema por um mundo degradado.
e) discorre sobre a inviabilidade da existência humana em razão da perda da sensibilidade. sugere a existência de um ser humano deprimido pelo meio – incapaz, também de fazer brotar o sentimento poético sugere a existência de um ser humano destituído do sentimento poético.
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e) discorre sobre a inviabilidade da existência humana em razão da perda da sensibilidade. sugere a existência de um ser humano deprimido pelo meio – incapaz, também de fazer brotar o sentimento poético sugere a existência de um ser humano destituído do sentimento poético.
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