• Matéria: História
  • Autor: tonyyy10
  • Perguntado 9 anos atrás

quais são de movimentos sociais contemporaneos no brasil

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respondido por: SLuizTP
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Refletir os movimentos sociais na contemporaneidade pressupõe colocar em jogo o conceito de “Movimento”, adverte o filósofo italiano Giorgio Agamben (1942...), em texto disponível na Revista Intethesis da UFSC, intitulado: “Movimento”.  Neste texto, afirma Agamben, que, em que pese o uso difundido nas Ciências Humanas e em inúmeros autores, da terminologia movimento, o mesmo nunca era e é definido. E, nesta busca de definição conceitual não se trata de um mero zelo filológico  ou de preciosismo conceitual, mas de procurar compreender em sua condição conceitual as contradições de origem, os paradoxos, os limites e as possibilidades que circunscrevem os movimentos sociais na atualidade.

 No conjunto dos argumentos arrolados pelo filósofo italiano no referido texto e, tomando como ponto de partida, escritos do jurista nazista Carl Schmitt (1888 – 1985), que por volta dos anos trina do século XX, escreve o ensaio: “Estado, Movimento, Povo: A tripartição da unidade política” (“Staat, Bewegung, Volk: Die Dreigliederung der politischen Einheit”), Agamben chega a algumas considerações esclarecedoras e, que podem auxiliar na compreensão para além das análises costumeiras, da condição e do significado dos movimentos sociais nas sociedades contemporâneas.

Para Agamben, os movimentos sociais se apresentam quando o “povo”, categoria política que justifica e legitima o exercício de governos democráticos, se apresenta numa condição impolítica. Ou seja, quando ao “povo” não é permitido apresentar-se como protagonista de uma determinada ordem social, quando lhe é usurpado o direito de participação política nos destinos da nação, através das inúmeras instituições sociais em que se conforma a sociedade civil organizada.  Nestas condições, os movimentos sociais, se apresentam na defesa de direitos de expressão, de direitos políticos, de direitos de organização, de direitos sociais de determinados segmentos sociais, que se encontram  em  situação de maior fragilidade humana e social.

Sob tal perspectiva, tomando como análise os movimentos sociais presentes no Brasil, nos anos 70 e 80 do século XX, constata-se que a ditadura militar, instaurada através do golpe militar de 31 de março de 1964, retirou do “povo” brasileiro ou de segmentos da sociedade civil organizada em torno de um projeto de desenvolvimento nacional com soberania, a potencialidade política de intervir nos rumos do país. Esta ação autoritária que demarcou ou limitou o povo brasileiro como corpo político, fez surgir inúmeros movimentos sociais. Alguns destes movimentos caracterizados diretamente como movimentos de resistência ao regime militar (movimentos de contestação ao regime, ou mesmo movimentos de inspiração revolucionária), outros de lutas por direitos políticos e sociais, vinculados a determinados segmentos da sociedade brasileira (Comunidades eclesiais de base; movimentos associativistas; movimento de luta pela terra, entre outros).  Assim, no contraponto ao regime militar, que lançou o “povo” numa condição “impolítica” estes movimentos se caracterizaram por uma perspectiva comunitarista cristã e com aproximações ao ideário socialista de coletivismo social.  O paradoxo destes movimentos, para o qual Agamben nos chama atenção é o fato de que os movimentos sociais não nascem no contexto de sociedades democráticas, mas por reverso, quando o “povo” como condição da democracia foi alijado da participação política pelo golpe militar que implantou como regime de governo uma ditadura.

!!Espero ter conseguido ajudar!!

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